Viajar é uma das formas mais eficazes de mudar de perspectiva. Mas, quem já encarou o famoso “check-out às 11h” sabe como um simples detalhe logístico pode afetar a experiência como um todo. Agora, uma nova regulamentação do Ministério do Turismo promete mudar a forma como as hospedagens funcionam no país, e isso pode impactar diretamente a rotina e o aproveitamento dos viajantes.
A partir de 15 de dezembro de 2025, entra em vigor uma norma que redefine o conceito de diária em hotéis, pousadas e resorts brasileiros. A principal mudança: a diária passa a valer por 24 horas completas, com regras mais claras sobre limpeza, horários e taxas. Pode parecer um ajuste técnico, mas esse novo modelo traz implicações práticas que favorecem tanto o turista quanto o setor hoteleiro.
Fim da “meia diária” camuflada
As diárias, na verdade, sempre deveriam ser de 24 h. Mas não é bem assim que funciona. Foto: Freepik.
Até então, era comum que os estabelecimentos definissem arbitrariamente os horários de entrada e saída, muitas vezes oferecendo menos de 24 horas de uso real do quarto. Por exemplo, o hóspede que entrava às 14h em um domingo e saía às 11h da segunda-feira pagava uma diária completa, mesmo usando o quarto por menos de 24 horas. Agora, isso muda.
A nova regra estabelece que a diária deve corresponder, de fato, a um período de 24 horas consecutivas. Se o check-in for às 14h, o check-out poderá ser às 14h do dia seguinte. Cada hotel continua com liberdade para definir seus próprios horários, desde que tudo seja informado de forma clara e antecipada, tanto no site quanto em agências e plataformas de reserva.
Para quem planeja a viagem com antecedência, a previsibilidade é essencial. Saber exatamente até que hora é possível permanecer no quarto evita correria no último dia da estadia, especialmente em viagens com crianças, pessoas idosas ou em cidades com transporte limitado.
Além disso, a cobrança de taxas por entrada antecipada (early check-in) ou saída tardia (late check-out) continua permitida, mas só se for informada previamente e com consentimento do cliente. Isso evita cobranças inesperadas na hora do pagamento e garante uma relação mais equilibrada entre hóspedes e estabelecimentos.
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Três horas reservadas para limpeza, sem custo extra
Outra novidade importante: dentro das 24 horas da diária, até três horas podem ser reservadas exclusivamente para arrumação e higienização do quarto. Esse período é incluído sem custo adicional e deve respeitar padrões mínimos de qualidade e segurança.
Durante a estadia, o hóspede tem o direito de receber roupa de cama e toalhas limpas em frequência compatível com o tipo de hospedagem. No entanto, caso prefira não receber o serviço de limpeza diária, ele pode recusar, desde que isso não comprometa a higiene do ambiente nem coloque outros hóspedes em risco.
Essa medida favorece tanto quem busca mais privacidade quanto o turismo sustentável, ao reduzir o consumo de água e energia com lavagens desnecessárias.
Check-in digital e ficha de registro modernizada
A burocracia no momento de chegada ao hotel também está com os dias contados. A tradicional Ficha Nacional de Registro de Hóspedes (FNRH), que costumava ser preenchida em papel na recepção, agora será totalmente digital. O documento eletrônico poderá ser acessado por meio de um link, QR Code ou pelo sistema integrado de gestão do hotel, com autenticação via Gov.br.
Essa digitalização acelera o processo de check-in e check-out, evita filas e torna mais prática a rotina de quem está viajando. Além disso, facilita a vida de quem faz reservas de última hora ou chega cansado após longos deslocamentos.
Vale lembrar que essas mudanças são válidas apenas para hotéis, pousadas e resorts devidamente registrados no sistema oficial de turismo. Imóveis alugados por aplicativos como Airbnb e similares não entram na nova regulamentação. Nestes casos, os termos da estadia continuam a depender de acordos diretos entre anfitrião e hóspede.
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Na prática, a mudança nas regras traz uma nova dinâmica para o turismo nacional. Quem viaja a trabalho, por exemplo, ganha mais controle sobre o tempo de permanência no hotel, especialmente em cidades onde voos e reuniões nem sempre se encaixam nos horários tradicionais de hospedagem. Já o turista que viaja por lazer pode aproveitar melhor o último dia de passeio sem se preocupar com malas deixadas na recepção ou cobranças inesperadas.
Para estrangeiros que visitam o Brasil, ou mesmo para brasileiros que vivem fora, como é o meu caso, esse tipo de mudança aproxima o país de padrões já comuns em destinos turísticos de destaque. E ajuda a construir uma experiência mais confortável e eficiente para quem escolhe o Brasil como destino.
A mudança parece simples no papel, mas representa uma melhora significativa na forma como o tempo do viajante é valorizado, e isso, no fim das contas, pode transformar toda a experiência de viagem.