O café está na mesa de quase todos os brasileiros, porém, o que muitos não sabem é que a origem de alguns grãos pode ser duvidosa. Por exemplo, você já se perguntou por que os cafés têm diferentes tipos de classificação? Essas classificações, geralmente, se associam ao grau de pureza do produto. Normalmente, esses níveis de pureza estão ddentro do aceitável pela Anvisa.
Porém, recentemente, uma decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deu o que falar. O órgão proibiu lotes do Café Torrado e Moído Extraforte e Tradicional da marca Câmara no país. A medida impede que os produtos sejam vendidos, distribuídos, fabricados ou até mesmo divulgados.
O motivo da proibição envolve riscos sérios à saúde pública. Um laudo técnico emitido pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Rio de Janeiro (LACEN-RJ) identificou fragmentos com aparência de vidro em uma das amostras analisadas. Além disso, as embalagens do produto apresentavam informações imprecisas sobre sua origem e fabricantes, o que impossibilita rastrear a procedência do que chega à mesa do consumidor.
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Origem desconhecida e empresas irregulares
Este não é o único caso de proibição de marcas de café. Foto: brazilgreece.
Durante a investigação conduzida pela Subsecretaria de Vigilância e Atenção Primária à Saúde do Rio de Janeiro (SAPS-RJ), foi constatado que as empresas citadas nos rótulos — Sociedade Abast do Com e da Indústria de Panif Sacipan S/A e Lam Fonseca Produtos Alimentos Ltda. — não estavam devidamente registradas ou regulares junto aos órgãos competentes.
Sem registros válidos, não há como garantir que os processos de fabricação seguem normas sanitárias. E isso compromete diretamente a segurança dos alimentos. É por esse motivo que a Anvisa optou por suspender todas as atividades relacionadas aos produtos da marca, inclusive o consumo, por precaução.
O caso levanta questionamentos importantes sobre como alguns produtos ainda conseguem chegar às prateleiras sem inspeções adequadas. A presença de fragmentos que podem ser de vidro representa um risco concreto para quem consome o café, podendo causar desde cortes na boca até complicações mais sérias se forem ingeridos acidentalmente.
Para além da irregularidade pontual, o episódio revela um cenário preocupante: há falhas na cadeia de fiscalização que permitem a comercialização de itens potencialmente perigosos, especialmente em setores com grande rotatividade de produtos e marcas.
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Outras proibições recentes
Na mesma semana, a Anvisa também determinou a suspensão de todas as atividades da empresa Axis Nutrition, conhecida por fabricar alimentos e suplementos alimentares. A decisão veio após uma fiscalização entre os dias 15 e 17 de setembro, que encontrou uma série de irregularidades nas instalações e nos processos produtivos da empresa.
Entre os problemas detectados estavam:
- Ausência de um responsável técnico habilitado legalmente;
- Falta de controle de qualidade da água utilizada;
- Documentação incompleta ou ausente sobre as etapas de produção;
- Riscos de contaminação cruzada entre diferentes operações;
- Falhas na rastreabilidade das matérias-primas;
- Ausência de testes de estabilidade e qualidade final dos produtos.
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O posicionamento da empresa
Em nota, a Axis Nutrition reconheceu que foi submetida à fiscalização e afirmou ter entregue toda a documentação exigida. O diretor da empresa alegou que a inspeção serviu como incentivo para aprimorar os processos internos e reforçou que não houve recolhimento imediato dos produtos já distribuídos no mercado.
Segundo ele, os ajustes estruturais já foram finalizados e a empresa pretende apresentar as adequações feitas à equipe de inspeção sanitária. A Anvisa, por sua vez, manteve a suspensão das atividades até que todas as exigências sejam comprovadamente atendidas.
Embora os casos envolvam empresas e produtos diferentes, ambos evidenciam a importância da rastreabilidade e da fiscalização ativa na cadeia alimentar e de suplementos. O consumidor brasileiro, muitas vezes, confia nas marcas expostas nos mercados sem saber que algumas delas podem estar operando fora dos padrões exigidos por lei.
Mesmo que a presença de vidro em alimentos seja incomum, situações como essa destacam o papel da vigilância sanitária para evitar danos maiores à população. Produtos sem origem clara ou fabricados sem controle rigoroso não deveriam chegar ao público. E, quando chegam, é sinal de que algo falhou antes.
No Brasil, a legislação sanitária é rigorosa e busca proteger o consumidor, mas nem sempre os produtos seguem esse padrão até o fim da cadeia. Saber interpretar rótulos, checar CNPJ da empresa e desconfiar de preços muito baixos são atitudes que ajudam a evitar riscos.