A Patagônia Argentina tem cenários dignos de filme.
Sabe aquelas paisagens inóspitas e cenográficas, nas quais lagos de azul indescritível contrastam com picos desafiadores?
Pois bem, isso é El Chaltén!
Antigo destino de montanhistas aventureiros, hoje é a capital do trekking em plena Patagônia.
Há algum tempo, fazendeiros brutos e alpinistas buscavam El Chaltén pela combinação perfeita entre picos e paisagens da Patagônia Argentina.
Ali, encontravam os lagos formados pelo degelo das geleiras cujo azul leitoso se misturava às montanhas.
Porém, os tempos mudaram e o lugar ficou mais acessível.
O que não significa, porém, que tenha perdido sua beleza e aspecto rústico.
El Chaltén, com seus cerca de 500 habitantes, continua sendo um dos lugares mais procurados da Argentina para atividades ao ar livre.
Mais ainda, um refúgio que permite escapar de tudo e passar algum tempo imerso na natureza.
Conheça El Chaltén
Antes de tudo, El Chaltén é a porta de entrada do Parque Nacional Los Glaciares.
A área foi criada com o objetivo de proteger e preservar os extensos campos de gelo, como o Perito Moreno.
Inicialmente, El Chaltén era uma vila e só foi oficialmente reconhecida como cidade em 1985, então, o município mais jovem da Argentina.
O interessante é que a missão da cidade era proteger o território argentino das disputas com o Chile, uma vez que fica na fronteira entre os dois países.
Antes, El Chaltén era o reduto dos fazendeiros durões e alpinistas sem medo algum da morte.
Porém, com as melhorias na Ruta 23, que dá acesso ao município, as coisas deram uma mudada.
No entanto, apesar da infraestrutura rodoviária e a construção do aeroporto de El Calafate, o mais próximo, El Chaltén ainda mantém seus ares rústicos de vila patagônica.
O que fazer em El Chaltén
Primeiramente, não se engane com o tamanho compacto da cidade, pois há muito o que fazer em El Chaltén!
Além disso, vale experimentar a culinária simples, porém aconchegante e típica da Patagônia.
Mas, na verdade, as atividades começam antes mesmo de chegar até lá! Quer ver só?
‣ Tirar foto na Rota 40
Foto na Ruta 40, chegando a El Chaltén.
A Ruta 40 liga as cidades de El Calafate e El Chaltén, uma viagem de pouco menos de quatro horas.
Mítica, logo antes de chegar à pequena cidade argentina, oferece uma vista incrível das montanhas, cerros e, claro, uma imensidão de cores.
Aliás, o trecho mais bonito da maior estrada do país é justamente a chegada ao vilarejo.
‣ Experimentar cervejas artesanais
Após passar o dia nas trilhas pelas montanhas, a recompensa vem sob a forma de deliciosas cervejas artesanais.
Algumas das melhores cervejas do país são encontradas nos bares e nas pequenas cervejarias de El Chaltén, como o happy hour do Don Guerra.
‣ Provar a carne de cordeiro
A Patagônia é conhecida pela carne de cordeiro, animal criado nas fazendas das planícies rochosas.
A carne é preparada à maneira tradicional, “a la cruz”, ou na cruz em fogo aberto, e servido crocante por fora e suculento por dentro.
O restaurante El Muro é famoso por ter um dos melhores cordeiros da cidade.
‣ Literalmente, se esquecer do mundo
El Chaltén está literalmente no meio do nada e ainda existem poucos confortos modernos, como internet rápida.
Mas, fora dos restaurantes e hotéis, esqueça o sinal, o que te permite ter a sensação de se desconectar da rotina diária e absorver a natureza.
‣ Trilhas
Laguna Torre, em El Chaltén.
As trilhas são, certamente, o que mais atrai turistas a El Chaltén.
Com diferentes extensões e níveis de dificuldades, as atividades dão à cidade o título de capital argentina do trekking.
Todas são muito bem sinalizadas, mas a dica é sair bem cedo para garantir a volta antes do anoitecer.
As principais trilhas da cidade são:
Monte Fitzroy
Cerro Torre
Laguna Capri: 5km – começa na Av. San Martín. Seus pontos altos são o mirante do Río de las Vueltas, o vale do Riacho del Salto e a vista única do Cerro Fitzroy.
Rio Blanco: 10,5 km – permite caminhar até a Laguna de los Três.
Glaciar Piedras Blancas: 12 km – passa pelo Río Blanco e a entrada no Parque Nacional Los Glaciares, especialmente o Glaciar Piedras Blancas.
Laguna de los Três: 12,5 km – mirante mais próximo do FitzRoy, termina com a vista do Glaciar de los Três.
Mirador Cerro Torre: 5 km – tem, entre seus pontos altos, a vista dos morros Cordón Adela, Solo Torre e Chaltén.
Laguna Torre: 11 km.
Mirador Maestri: 13 km.
‣ Monte Fitzroy
Monte Fitzroy.
A gente sabe que o mundo tem cordilheiras, como o Himalaia e os Andes que já renderam histórias para lá de dramáticas.
Bom, os Cerros Fitz Roy e Torre até podem não ser tão altos, mas também não são para qualquer um.
A combinação dos paredões cobertos de gelo, vento, clima imprevisível e crostas que soltam com facilidade é altamente desafiadora.
Escalar os dois conjuntos de montanhas é tarefa para profissionais realmente experientes, uma vez que os desavisados não conseguem chegar lá nem com guias.
Mas, não se assuste!
Visitar os cerros não precisa, necessariamente, te tornar protagonista de filmes do tipo “Vivos”.
O trekking pelo Cerro FitzRoy é uma das trilhas mais populares de toda a Patagônia.
Conhecido localmente como Cerro Chaltén, tem o nome estrangeiro em homenagem a Robert FitzRoy, capitão do navio que levou Charles Darwin à viagem pelo planeta.
O pico emerge sobre a Laguna de los Três, uma lagoa azul que fica em sua base.
Pelo caminho, você passará por outras três trilhas que seguem até o Glaciar Piedras Blancas, Río Blanco e Laguna Capri.
Ainda que seja possível subir ao topo em um dia, muita gente opta pela pernoite para apreciar o nascer do sol.
A trilha tem 12,5 km e pode ser feita em 4h30.
‣ Cerro Torre
O gigante também tem, ao seus pés, a lagoa com o mesmo nome, proporcionando uma vista incrível, com o pico alto refletido nas águas.
Se estiver com energia, levante-se cedo para completar a viagem de ida e volta de nove horas até a base do Cerro Torre, ou passe a noite no acampamento De Agostini.
Importante destacar que, apesar de mais longa, a trilha ao Cerro Torre tem grau menor de dificuldade quando comparada ao FitzRoy.
Pelo caminho, passa pelas trilhas do Mirador Cerro Torre, Laguna Torre e do Mirador Maestri.
‣ Visite a geleira Huemul
Geleira Huemul.
Batizada com o nome de um cervo nativo, a geleira fica a cerca de uma hora da cidade, perto do Lago del Desierto.
Com isso, vale a pena visitar as águas turquesa das quais a geleira se alimenta.
A caminhada até a geleira e o lago, ainda, passa por algumas das paisagens mais pitorescas da região, como rios, riachos e por florestas virgens.
‣ Chorrillo del Salto
Cachoeira Chorrillo del Salto.
A cachoeira trovejante fica bem perto do centro da cidade, alcançada através da caminhada de meia hora.
O trajeto é feito em terreno plano pela área de floresta esparsa que leva à cachoeira que, aliás, é ouvida antes mesmo de ser vista.
Os apaixonados por fotografia vão se encantar com o espetáculo oferecido pelas águas caindo da falésia rio abaixo.
A trilha até a cachoeira tem 4 km, trajeto feito em até 1h, começando no final da Avenida San Martín.
O caminho passa pelo Lago del Desierto.
‣ Mirador Los Condores
Mirador Los Condores.
Considerando que El Chaltén é cercada por altos picos, há uma série de mirantes próximos à cidade que proporcionam vistas incríveis.
Um deles é o Mirador Los Condores, além do Mirador Las Aguilas, ambos nomeados em homenagem aos pássaros nativos, o condor e a águia.
A caminhada até eles dura pouco mais de uma hora.
O acesso a ela é pela ponte sobre o rio Fitz Roy até o Centro de Visitantes do Parque Nacional.
Lá, há uma placa que indica o caminho e, depois, um mapa da trilha.
Relativamente novo, uma vez que foi estruturado em 2004, o mirante é estratégico para observação das aves, além dos picos e glaciares de granito.
Também vale assistir ao pôr do sol.
Quando ir para El Chaltén
A estrada até El Chaltén já é um show à parte.
Devido às próprias características climáticas da Patagônia, o ideal é ir para El Chaltén entre outubro e meados de abril.
Caso contrário, optando pelos meses de inverno, por exemplo, pode enfrentar condições bem adversas.
Como chegar a El Chaltén
Optamos por ir a El Chaltén de carro.
O aeroporto mais próximo a El Chaltén é o de El Calafate, distante 220 km ao sul, banhado pelo Lago Argentino.
Para lá, operam linhas regulares da Aerolíneas Argentinas partindo do Aeroparque, em Buenos Aires.
Daí, é só pegar qualquer um dos ônibus que saem da cidade e chegam a El Chaltén pela Ruta 40, que corta o país de norte a sul, e pela Ruta 23.
‣ Avião
Os voos entre Buenos Aires e El Calafate duram três horas e as rotas são regulares.
‣ Como ir de El Calafate para El Chaltén de ônibus
A rota entre as duas cidades é feita por algumas empresas, como a TAQSA Patagônia, a Cal Tur e a Chaltén Travel.
O trajeto também dura cerca de três horas e os horários de saída podem ser visualizados nos sites das empresas.
‣ Como ir de El Calafate para El Chaltén de carro
Caso queira alugar o carro no aeroporto, basta seguir pelas Rutas 40 (aquela que corta a Argentina) e 23, que dá acesso a El Chaltén.
Ah, e aqui vai um alerta!
Abasteça o carro ali próximo ao aeroporto ou quando avistar o primeiro posto!
Não há muitos deles nas rotas da Patagônia, mas você encontrará um na entrada de El Chaltén.
‣ Serviços de traslado
Há também a opção de empresas de turismo que oferecem serviços de transfers que levam direto ao hotel.
Por fim, há quem se hospede em El Calafate e passe apenas um dia inteiro em El Chaltén.
Porém, se der tempo, fique pelo menos uma noite na cidade para aproveitar bem suas atividades!
Como se locomover pela cidade
El Chaltén não é nenhuma megalópole, pelo contrário!
Como a cidade é bastante compacta, a melhor forma de explorá-la é caminhando.
Mesmo porque não há transporte público.
Portanto, prepare os pezinhos, os calçados e caminhada e vá bater perna!
Até para conhecer o centrinho que fica ao sul da cidade, perto da rodoviária.