Recentemente, está rolando pela internet uma história polêmica sobre o Mickey Paraguaio e o seu envolvimento com a justiça. O Mickey Paraguaio é mais do que uma versão local de um dos personagens mais famosos do mundo. Na verdade, é a representação de uma pequena empresa familiar que se tornou um símbolo cultural no Paraguai e desafiou a gigante Walt Disney nos tribunais. A história desse personagem, que se mistura com a trajetória da marca Mickey no Paraguai, gerou controvérsia, disputas judiciais e, no fim, um curioso capítulo de resistência cultural e empresarial. Portanto, entenda a seguir um pouco mais sobre o que aconteceu.
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A origem do Mickey Paraguaio
Tudo começou em 1935, quando Pascual Blasco, filho de imigrantes italianos, abriu uma pequena loja no Paraguai vendendo frutas e sorvetes caseiros. Então, ele nomeou o estabelecimento de “Mickey”. Embora a origem exata do nome nunca tenha sido confirmada pela família. Segundo Viviana Blasco, neta de Pascual e atual administradora da empresa, seu avô passava férias em Buenos Aires. E lá, provavelmente, viu o personagem Mickey Mouse em exibição nos cinemas locais. A partir daí, o nome se consolidou e o negócio começou a crescer.
Assim, com o tempo, a pequena loja de Pascual se transformou em uma marca nacional que vendia uma variedade de produtos, como panetones, sal, molho de pimenta e balas. A expansão levou a um uso ainda mais evidente do personagem Mickey, inclusive com a inclusão das icônicas orelhas redondas nas embalagens e logotipos da empresa. Em 1978, a companhia se mudou para uma fábrica maior e passou a incorporar ainda mais elementos visuais associados ao famoso rato da Disney.
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O conflito do Mickey Paraguaio com a Disney e a batalha judicial
Com o crescimento da empresa Mickey no Paraguai, a Walt Disney Company percebeu a similaridade e entrou com uma ação contra a família Blasco em 1991, alegando violação de marca registrada. A disputa começou no Ministério de Negócios e Indústria do Paraguai e, após a rejeição do pedido, a Disney levou o caso aos tribunais. Em 1995, a justiça paraguaia decidiu a favor da Mickey. Porém, a Disney recorreu e levou o caso até a Suprema Corte do Paraguai.
A principal questão era a possibilidade de os consumidores paraguaios confundirem os produtos da empresa Mickey paraguaia com os produtos da Disney. No entanto, a defesa da Mickey utilizou uma “brecha legal”: a marca estava registrada no Paraguai desde 1956 e, durante esse período, a Disney nunca havia questionado formalmente o uso. Assim, a Suprema Corte considerou que, após décadas de uso ininterrupto, a Mickey havia adquirido o direito de continuar utilizando o nome e a imagem do personagem no país.
Em 1998, a decisão final foi favorável à Mickey paraguaia, garantindo sua imunidade legal dentro do território paraguaio. Apesar disso, a empresa nunca tentou vender seus produtos em outros países, ciente de que a proteção obtida nos tribunais paraguaios não teria validade fora do país.
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O sucesso cultural e comercial do Mickey Paraguaio
A história da empresa Mickey paraguaia se tornou um exemplo de resistência empresarial e um símbolo de identidade nacional no Paraguai. Ela continua a operar com sucesso e é muito popular entre os paraguaios. O mascote da Mickey é presença constante em eventos e festividades, e a marca se tornou sinônimo de qualidade e tradição no país. A empresa adota o slogan “A obrigação de ser bom!”, reforçando seu vínculo com os consumidores e destacando sua trajetória.
Além dos produtos alimentícios, a Mickey diversificou sua linha para incluir camisetas, canecas e outros artigos de papelaria estampados com o personagem, algo que pode ser visto como uma forma de capitalizar ainda mais o sucesso do personagem local. Hoje, mesmo com a coexistência pacífica entre a Mickey paraguaia e a Disney, a semelhança entre os personagens ainda causa estranheza para muitos turistas, que veem a utilização do personagem como algo inusitado e, de certa forma, questionável.
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A questão dos direitos no Paraguai
O caso do Mickey paraguaio também levanta discussões sobre direitos de propriedade intelectual no Paraguai. O país é famoso por ser um mercado onde falsificações e usos indevidos de marcas são comuns, o que faz com que a vitória da Mickey seja vista com desconfiança por muitos. Em rankings de proteção de propriedade intelectual, o Paraguai ocupa posições baixas, o que indica a fragilidade do sistema de direitos autorais no país.
Ainda assim, o Mickey paraguaio se tornou parte do cotidiano de muitas famílias paraguaias. Assim, a marca cresceu paralelamente ao sucesso global da Disney, mas conseguiu criar raízes profundas na cultura local, sendo associada a momentos de infância, nostalgia e tradição. Inclusive, a identidade do mascote é tão forte que, mesmo após a vitória judicial, a empresa optou por manter o anonimato do homem que veste a fantasia durante as aparições públicas. Dessa forma, manteve preservando a “magia” por trás do personagem