Quando se fala em “Londres brasileira”, muitos podem se surpreender ao descobrir que o título pertence a Londrina, cidade localizada no norte do Paraná. Fundada em 1934, a cidade recebeu forte influência inglesa em sua origem, o que explica tanto o apelido quanto parte de sua identidade urbana. A relação não é apenas simbólica: a história de Londrina está profundamente ligada à colonização britânica, que ajudou a moldar sua paisagem e sua estrutura.
Origem do apelido da Londres brasileira
O nome “Londrina” vem de Londres, capital do Reino Unido. A escolha não foi aleatória: a cidade foi planejada pela Companhia de Terras Norte do Paraná, formada por investidores ingleses. Na década de 1930, eles compraram grandes áreas de terra na região e incentivaram a chegada de colonos, principalmente europeus. O traçado urbano seguiu modelos inspirados nas cidades-jardim inglesas, com avenidas largas, praças bem distribuídas e bairros planejados. Até hoje, a herança pode ser notada em nomes de ruas e bairros, como Heimtal, além de construções históricas que mantêm características europeias.
Com aproximadamente 575 mil habitantes, segundo o IBGE, Londrina é a segunda maior cidade do Paraná e se consolidou como um polo econômico importante. O agronegócio é um dos motores locais: a região ficou conhecida como capital mundial da soja e abriga a Embrapa Soja, referência internacional em pesquisas e melhoramento genético.
Além do campo, a cidade tem indústrias nos ramos alimentício, têxtil e de tecnologia, além de um setor de serviços consolidado. Cooperativas agrícolas e empresas multinacionais escolheram a cidade como base de operações. Essa diversificação ajuda a sustentar uma economia estável e garante oportunidades de emprego em diferentes áreas.
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Qualidade de vida na Londres brasileira
Um dos pontos que reforçam a comparação com Londres é a qualidade de vida. Londrina tem um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,778, considerado alto. A infraestrutura inclui hospitais de referência, como o Hospital Universitário da Universidade Estadual de Londrina (UEL), além de centros médicos privados modernos.
A cidade também é conhecida pelo custo de vida mais acessível em comparação às grandes capitais brasileiras. Os aluguéis, por exemplo, podem custar até 40% menos do que em São Paulo. O transporte público integrado facilita o deslocamento entre os bairros e municípios vizinhos, contribuindo para a mobilidade da população.
A presença da UEL, fundada em 1970, tornou Londrina um polo acadêmico de peso. A instituição é uma das maiores universidades estaduais do Brasil, oferecendo cursos em diversas áreas e fomentando pesquisa científica. Outras universidades privadas também complementam a oferta de ensino superior.
No campo cultural, Londrina mantém uma agenda variada. O Teatro Ouro Verde, inaugurado em 1952, continua sendo palco de apresentações nacionais e internacionais. O Museu Histórico de Londrina, instalado em um antigo prédio ferroviário, preserva a memória da colonização inglesa e da formação da cidade. Há ainda a Casa de Cultura e o Mercado Municipal, que reúnem exposições, oficinas e gastronomia regional.
Festivais também marcam o calendário local. O Festival de Música de Londrina, criado em 1967, é um dos mais tradicionais do Brasil. No inverno, a cidade recebe eventos culturais e gastronômicos que movimentam a economia e atraem visitantes de várias regiões.
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Atrações e lazer em Londrina
Engana-se quem pensa que Londrina se resume apenas a trabalho, há muito o que conhecer por lá.
Londrina combina urbanização com áreas verdes preservadas. O Lago Igapó, com suas águas tranquilas e uma ciclovia de 3,5 km, é um dos cartões-postais mais conhecidos. É ponto de encontro para caminhadas, esportes aquáticos e atividades ao ar livre.
Outro destaque é o Jardim Botânico, com 38 hectares de Mata Atlântica preservada, trilhas ecológicas e viveiro de mudas. Esses espaços reforçam o vínculo da cidade com a natureza e oferecem alternativas de lazer gratuitas à população.
No centro, o Calçadão de Londrina reúne comércio, restaurantes e feiras culturais, funcionando como um espaço de convivência social. Bairros como Gleba Palhano, com condomínios modernos e shopping centers, revelam a face mais contemporânea da cidade.
Embora seja mais conhecida como destino para viver e trabalhar, Londrina também recebe turistas interessados em sua história e cultura. Entre abril e agosto, as temperaturas ficam entre 15 °C e 25 °C, o que favorece passeios ao ar livre. A primavera, de setembro a novembro, é indicada para quem deseja explorar os parques urbanos. Já o verão costuma ser mais quente e chuvoso, com temperaturas que ultrapassam os 35 °C.
Mais do que um apelido curioso, Londrina consolidou-se como um centro regional com características próprias. A herança inglesa é um capítulo importante, mas não resume sua identidade. A cidade cresceu a partir da agricultura, diversificou sua economia e investiu em educação e cultura, tornando-se referência no Paraná e no Brasil.
No final das contas, a cidade se apresenta como uma cidade que une desenvolvimento econômico, vida cultural ativa e espaços de lazer. Essa combinação justifica o título de “Londres brasileira”, mas, acima de tudo, mostra a força de uma cidade que soube valorizar suas origens e projetar o futuro.