O que os vinhos gregos têm de especial? Grego diz e mostra os melhores

A Grécia é um dos berços mais antigos do vinho. Há milhares de anos, o cultivo de uvas e a produção da bebida já faziam parte do cotidiano grego, influenciando a economia, a cultura e até os rituais religiosos.

A história e a diversidade de uvas em um território pequeno

Apesar de ser um país de dimensões modestas, a Grécia abriga mais de 300 variedades de uvas nativas. Essa riqueza vem da combinação entre relevo montanhoso, solos variados e inúmeros microclimas, que criam condições únicas para cada casta, muitas delas exclusivas do território grego.

Nas ilhas, o clima seco e os ventos constantes resultam em uvas de acidez marcante e aromas intensos. Já no continente, os invernos frios e os verões quentes dão origem a vinhos mais encorpados, com ótimo potencial de guarda.

A produção de vinho na Grécia enfrentou altos e baixos ao longo da história, principalmente durante invasões e períodos de domínio estrangeiro. Foi apenas nas últimas décadas do século XX que o setor se reestruturou, investindo em qualidade, modernização dos vinhedos e resgate das técnicas tradicionais.

Hoje, os vinhos gregos conquistam espaço no mercado internacional, combinando tecnologia moderna com autenticidade e tradição.

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As uvas que representam a Grécia

  • Assyrtiko: uva branca de Santorini, cultivada em solos vulcânicos. Seus vinhos são minerais, frescos e perfeitos para acompanhar frutos do mar.
  • Moschofilero: branca aromática do Peloponeso, com notas florais e frutadas. Produz vinhos leves, frescos e muitas vezes com coloração rosada.
  • Xinomavro: tinta da Macedônia, com acidez vibrante e taninos firmes. Vinhos de personalidade forte e grande capacidade de envelhecimento.
  • Agiorgitiko: a tinta mais plantada do país, originária de Nemea. Versátil, vai de tintos encorpados a rosés frescos e frutados.
  • Castas menos conhecidas, mas especiais
  • Limnio: mencionada já na Antiguidade, cultivada em Lemnos. Vinhos de corpo médio e toque herbáceo.
  • Mavrotragano: quase extinta em Santorini, foi resgatada e hoje encanta com vinhos intensos e especiados.
  • Vidiano: típica de Creta, produz brancos aromáticos, com notas de frutas maduras, mel e ervas.

Já escrevemos sobre essas variedades de vinhos gregos aqui.

Tradições que atravessam séculos

A história dos vinhos gregos vem de séculos atrás. Imagem: criação do brazilgreece.

Entre os estilos mais tradicionais está a Retsina, vinho aromatizado com resina de pinheiro. Criado originalmente para preservar a bebida em ânforas, segue popular até hoje, com versões mais equilibradas no sabor.

Outro destaque é o Vinsanto, doce típico de Santorini. Produzido a partir de uvas passificadas ao sol, combina notas de frutas secas, mel e especiarias, com acidez que equilibra a doçura.

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Produção e características

A Grécia cultiva cerca de 64 mil hectares de vinhedos, geralmente em pequenas propriedades familiares. Essa estrutura garante cuidado artesanal em cada etapa. Embora a produção anual seja modesta em comparação com grandes potências, o foco na qualidade tem se tornado seu diferencial.

Em Santorini, por exemplo, as videiras são cultivadas em formato de “cesto” para proteger as uvas do sol intenso e dos ventos fortes.

O enoturismo grego está em crescimento, unindo paisagens, cultura e degustação. Muitos visitantes combinam visitas a vinícolas com passeios por sítios arqueológicos, praias e vilarejos tradicionais.

Ilhas como Santorini, Tinos e Creta oferecem experiências completas: visitas guiadas, degustações e harmonizações com pratos típicos. É um encontro perfeito entre vinho, gastronomia e história.

No Brasil, o vinho grego ainda é uma descoberta em ascensão. Importadoras especializadas trazem rótulos que podem ser harmonizados tanto com pratos gregos clássicos, como moussaka e peixe grelhado, quanto com receitas brasileiras, como moqueca ou queijo coalho assado.

O vinho, assim como no Brasil, é parte das celebrações, das refeições em família e dos momentos de convivência, mais um elo cultural entre os dois países.

Por fim, o vinho grego é mais do que uma bebida: é história, diversidade e herança cultural. Cada gole carrega séculos de tradição, seja em um Assyrtiko fresco à beira-mar ou em um Vinsanto servido após o jantar.

Mais do que prazer à mesa, o vinho na Grécia é um elo entre passado e presente, entre o povo e sua terra.

  • Grego, morou na Grécia por quase toda a sua vida e em Londres por 3 anos. Trabalhou como Bar Manager, Bartender e Barista em Londres e na Grécia. Além de ter trabalhado nas melhores cozinhas e bares de Londres e da Grécia. Participou de renomados cursos na área e compartilhou o seu conhecimento com seus alunos pela Europa. Por ser apaixonado pelo seu país, encontrou por meio da escrita uma forma de compartilhar com os brasileiros o seu conhecimento sobre viagens, história, cultura, mitologia grega e culinária geral, trazendo o melhor da Grécia para vocês.

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