Todos nós estudamos na escola sobre a formação dos continentes. Inclusive, sabemos que, hoje, existem teoricamente seis continentes e que eles já foram uma placa, que se separou ao longo de anos devido a atividades sísmicas e outros fatores associados. Mas, o que muitos não sabem é que pode haver uma conexão que vai além do que estudamos na escola. Isso porque, recentemente, arqueólogos encontraram pegadas de dinossauros no Brasil e em outro lugar um pouco inusitado, em Camarões. Mas, o que isso significa e o que isso representa para a história?
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Pegadas de dinossauros do Brasil
Antes de mais nada, é importante saber que atualmente Brasil e Camarões se distanciam por cerca de 6 mil km, no meio deles há um grande oceano, o Oceano Atlântico. Porém, há centenas de milhões de anos, mais especificamente, há cerca de 120 milhões de anos, esses dois lugares diziam parte de um mesmo continente, o Gondwana. Pense só nos dinossauros passeando entre o Brasil e Camarões a pé. Mais do que interessante, certo?
As pegadas foram encontradas em duas localidades específicas: no município de Borborema, na Paraíba, Brasil, e na Formação Koum, no norte de Camarões. Gondwana era, na verdade, um supercontinente que abrigava as terras que hoje conhecemos como América do Sul, África, Antártica, Austrália e Índia. Assim, era uma grande área que permitia o livre movimento de dinossauros e outras formas de vida entre essas regiões.
A equipe, composta por paleontólogos de diversas partes do mundo, analisou cerca de 260 pegadas fossilizadas, preservadas em sedimentos de lama e lodo ao longo de antigos rios e lagos. A datação das pegadas sugere que elas pertencem ao Cretáceo Inferior, um período que se estendeu de 145 a 100 milhões de anos atrás.
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E o que isso significa para a história?
O curioso é que as pegadas encontradas em ambas as localidades apresentam muitas similaridades, incluindo a forma e a estrutura dos três dedos, típicos de dinossauros terópodes, um grupo que inclui predadores famosos como o Tiranossauro Rex. Além dos terópodes, os pesquisadores também identificaram pegadas de saurópodes, grandes herbívoros de pescoço longo, e ornitísquios, outro grupo de dinossauros herbívoros.
Essa descoberta confirma a teoria de que as atuais Américas e África faziam parte de um único bloco de terra, permitindo a migração de espécies. Segundo o paleontólogo Louis Jacobs, da Southern Methodist University, uma das conexões geológicas mais jovens e estreitas entre a África e a América do Sul era o “cotovelo” do nordeste do Brasil, que se conectava à costa de Camarões, no Golfo da Guiné.
Além disso, a presença de pegadas em sedimentos associados a antigos rios e lagos sugere que essas áreas eram ricas em recursos hídricos e vegetação, tornando-se habitats ideais para grandes herbívoros e os predadores que os caçavam.
Além das pegadas, os sedimentos das regiões estudadas continham fósseis de pólen, que podem oferecer pistas valiosas sobre a vegetação e as condições climáticas daquela era. Ou seja, quase que uma verdadeira viagem ao passado!
De qualquer forma, ao analisar esses fósseis, os cientistas esperam reconstruir um quadro mais detalhado do ambiente em que esses dinossauros viveram, o que poderá fornecer ainda mais informações sobre a cadeia alimentar e os hábitos de vida antes da separação dos continentes.
E aí, será que um dia teremos que reestudar toda a geografia e a história do nosso planeta? Independentemente das novas descobertas que estão por vir, é interessante saber que mesmo nos dias de hoje, por meio de pesquisas e estudos, ainda podemos “viajar” ao passado.