Esta é a fruta da Grécia Antiga que também faz sucesso no Brasil

Em pleno verão grego, quando o sol brilha forte e o calor se espalha pelas ilhas e vilarejos do país, um fruto discreto, porém emblemático, toma conta das feiras e mesas: o figo. Essa fruta, que carrega milênios de história, tem raízes profundas na cultura grega e continua presente no cotidiano, tanto em sua versão fresca quanto seca. O que muitos talvez não saibam é que o figo também é bastante comum no Brasil, especialmente no Sudeste, onde é cultivado e consumido amplamente.

Na Grécia, agosto é conhecido como o “mês do figo”. Nesse período, o fruto atinge seu auge de sabor e suculência. As figueiras, adaptadas ao clima seco e quente do Mediterrâneo, enchem-se de frutos que logo serão colhidos e consumidos in natura, em receitas ou transformados em figos secos, que são vendidos e consumidos durante o ano inteiro.

O figo é bem mais que um símbolo da estação. Ele tem um histórico de importância nutricional e medicinal. Civilizações antigas, incluindo gregos e romanos, já valorizavam suas propriedades. Hipócrates, considerado o pai da medicina, recomendava o consumo da fruta por seus benefícios à saúde. Hoje, a ciência moderna confirma o que os antigos já intuíram.

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Propriedades nutricionais e benefícios à saúde do figo

O figo é rico em fibras e contém uma variedade de minerais importantes como cálcio, potássio, ferro, magnésio e fósforo. Também é fonte de vitaminas A, B1, B2 e antioxidantes naturais. Essa composição faz com que a fruta desempenhe diferentes funções no organismo.

Um dos benefícios mais reconhecidos é o auxílio no controle da pressão arterial. Isso se deve ao potássio, mineral que ajuda a neutralizar os efeitos do sódio no corpo. Estudos indicam que dietas ricas em potássio estão associadas a menores índices de hipertensão.

Outro efeito conhecido é o estímulo ao bom funcionamento do intestino. Os figos atuam como laxativos naturais suaves, favorecendo o trânsito intestinal sem causar desconfortos. Para quem sofre de constipação leve, o consumo de três figos por dia, frescos ou secos, pode ajudar a resolver o problema.

Além disso, os figos são aliados na manutenção do peso. Por serem ricos em fibras, aumentam a sensação de saciedade e reduzem o apetite de forma natural. Isso é útil principalmente para quem busca controlar a ingestão calórica sem abrir mão de alimentos saborosos.

Há ainda indícios de que o figo possa ter papel preventivo em doenças como o câncer de mama, especialmente em mulheres após a menopausa. Uma pesquisa conduzida na Suécia, que acompanhou mais de 50 mil mulheres, mostrou que aquelas com maior ingestão de fibras provenientes de frutas como figos, peras e maçãs apresentaram risco 34% menor de desenvolver a doença em comparação com aquelas que consumiam menos fibras.

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Coração, ossos e até garganta

O coração também pode se beneficiar do consumo de figos. Estudos com animais mostram que a fruta ajuda a reduzir os níveis de triglicerídeos no sangue, um tipo de gordura ligada ao aumento do risco cardiovascular. Já para os ossos, o figo oferece uma combinação poderosa de cálcio e potássio, que ajuda a prevenir a perda óssea relacionada ao envelhecimento e à ingestão elevada de sal.

E não para por aí. O figo também é tradicionalmente usado no alívio de dores de garganta. Isso se deve à presença de uma substância viscosa que, ao entrar em contato com a água, forma uma camada protetora sobre as mucosas irritadas.

Um dado curioso, mas documentado desde a antiguidade, é o uso do figo como afrodisíaco. O fruto era associado à fertilidade e ao desejo sexual, tanto por sua forma quanto por seus efeitos estimulantes, uma crença que ainda resiste em algumas regiões do Mediterrâneo.

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Figo na culinária, algo entre o doce e o salgado

Na cozinha grega, o figo é um ingrediente versátil. Vai bem em saladas com queijo feta, presunto cru ou nozes; combina com iogurtes e mel; pode virar compotas, tortas ou bolos; e até aparece em pratos salgados, acompanhando carnes e queijos curados. Essa versatilidade também se reflete na culinária brasileira, onde o figo é bastante valorizado em doces e compotas.

No Brasil, o maior produtor é o estado de São Paulo, especialmente na região de Valinhos, que ficou conhecida nacionalmente pela qualidade dos seus figos. Há inclusive a tradicional Festa do Figo, que celebra a colheita e valoriza os produtores locais. A variedade mais comum no país é o figo-roxo, que é macio, doce e fácil de encontrar em feiras e mercados.

Assim como o azeite, o vinho e o café, o figo aparece como um símbolo compartilhado entre culturas diferentes, mas igualmente ricas em sabores, tradições e respeito à terra.

Enquanto na Grécia o fruto está profundamente enraizado em mitos, festivais e hábitos antigos, no Brasil ele encontra terreno fértil e clima ideal para prosperar. A tradição grega de valorizar os alimentos não apenas pelo sabor, mas também pelas propriedades curativas, encontra eco na cultura brasileira, especialmente entre aqueles que buscam uma alimentação mais natural e equilibrada.

Consumir figos, frescos ou secos, é mais do que seguir uma tendência. É participar de uma longa história que atravessa gerações, continentes e culturas. Um hábito simples que carrega séculos de sabedoria, e muito sabor.

  • Grego, morou na Grécia por quase toda a sua vida e em Londres por 3 anos. Trabalhou como Bar Manager, Bartender e Barista em Londres e na Grécia. Além de ter trabalhado nas melhores cozinhas e bares de Londres e da Grécia. Participou de renomados cursos na área e compartilhou o seu conhecimento com seus alunos pela Europa. Por ser apaixonado pelo seu país, encontrou por meio da escrita uma forma de compartilhar com os brasileiros o seu conhecimento sobre viagens, história, cultura, mitologia grega e culinária geral, trazendo o melhor da Grécia para vocês.

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