Casamentos arranjados? Grego conta como eram os casamentos na Grécia antiga

O casamento é algo com o que muitos sonham a vida toda. Encontrar um parceiro ou uma parceira que acrescente algo às nossas vidas. Alguém para compartilhar os sonhos, as dificuldades, as vitórias e uma família é algo realmente grandioso. Por isso, essa escolha deve ser muito bem pensada. Bem, hoje temos essa escolha. Mas e antigamente, quando os casamentos eram arranjados? Engana-se quem pensa que isso só era uma realidade no Brasil.

Os casamentos arranjados também eram comuns na Grécia Antiga. Inclusive, eram muito mais do que uniões entre duas pessoas. Eram alianças entre famílias, estruturadas para garantir estabilidade econômica, social e política. Infelizmente, como era de se esperar, nesse contexto, o amor raramente era levado em consideração.

Como funcionavam os casamentos arranjados na Grécia Antiga

Na Grécia Antiga, o casamento era essencialmente um contrato entre duas famílias. O pai da noiva escolhia um marido adequado para sua filha, geralmente baseado em status social, riqueza e alianças políticas. O consentimento da mulher não era necessário. Seu destino era decidido por aqueles que acreditavam saber o que era melhor para ela.

O noivo, por sua vez, também precisava ter condições de sustentar uma esposa e eventuais filhos. Nessa sociedade, a mulher não tinha autonomia econômica. Por isso, o casamento era um meio de garantir seu sustento e proteção.

O papel do dote

Um elemento fundamental desses casamentos era o dote. A família da noiva oferecia dinheiro, terras, escravos ou bens materiais ao noivo. Isso funcionava como uma garantia financeira para o casamento e, em caso de separação, a mulher poderia recuperar seu dote. Se o marido morresse, esse valor ou bem retornava para a família da noiva.

Esse sistema tornava o casamento um acordo prático e evitava que a mulher ficasse desamparada. Mas também criava situações em que o valor da noiva era medido pelo que ela trazia para o casamento, e não pela sua própria vontade ou personalidade.

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O ritual do casamento

Apesar de arranjados, os casamentos na Grécia Antiga tinham um ritual a ser seguido. Foto: Freepik.

Os casamentos seguiam ritos que marcavam a transição da mulher da casa do pai para a do marido. O casamento era dividido em três partes principais:

  • Proavlia: a preparação da noiva, que incluía oferendas aos deuses e a despedida da infância.
  • Gamos: a cerimônia principal, que incluía um banquete e a transferência da noiva para a casa do marido.
  • Epavlia: o dia seguinte, marcado pela troca de presentes entre as famílias e a consolidação da união.

A noiva, geralmente muito jovem, era levada para a casa do marido em uma procissão iluminada por tochas. O momento mais simbólico era a retirada do véu da noiva, indicando que ela agora pertencia ao marido.

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O papel da mulher casada

Depois do casamento, a mulher tinha um papel bem definido: cuidar da casa e dos filhos. Ela raramente participava da vida social ou política. Sua principal função era garantir herdeiros legítimos para o marido, pois a linhagem e a herança eram passadas pelo lado paterno.

A fidelidade era esperada das esposas, mas não dos maridos. Homens tinham liberdade para manter relações com concubinas e cortesãs, enquanto as mulheres tinham que manter-se recatadas e discretas.

O divórcio na Grécia Antiga

Embora o casamento fosse uma instituição séria, o divórcio não era incomum. O marido podia se separar da esposa com relativa facilidade, bastando devolvê-la para a família junto com o dote. A mulher, por outro lado, precisava da autorização de um magistrado para se divorciar.

Além disso, a sociedade grega não via o divórcio com maus olhos, desde que houvesse um motivo justificável, como infertilidade ou adultério.

Casamentos arranjados em tempos mais recentes

Mesmo depois da época clássica, os casamentos arranjados continuaram na Grécia por muitos séculos. Durante o período bizantino e até o início do século XX, muitas famílias gregas ainda escolhiam os cônjuges de seus filhos.

Em alguns casos, casais só se conheciam no dia do casamento. O costume era tão forte que, até a segunda metade do século XX, ainda havia regiões da Grécia onde as mulheres tinham pouco ou nenhum poder de escolha sobre seu futuro marido.

Hoje, casamentos arranjados são raros na Grécia moderna, mas a influência desse costume ainda pode ser vista em algumas tradições familiares e na importância dada à aprovação dos pais na escolha do parceiro.

E aí, já parou para pensar em como seria se esses casamentos arranjados ainda fossem uma realidade por aqui?

  • Grego, morou na Grécia por quase toda a sua vida e em Londres por 3 anos. Trabalhou como Bar Manager, Bartender e Barista em Londres e na Grécia. Além de ter trabalhado nas melhores cozinhas e bares de Londres e da Grécia. Participou de renomados cursos na área e compartilhou o seu conhecimento com seus alunos pela Europa. Por ser apaixonado pelo seu país, encontrou por meio da escrita uma forma de compartilhar com os brasileiros o seu conhecimento sobre viagens, história, cultura, mitologia grega e culinária geral, trazendo o melhor da Grécia para vocês.

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