Qual era a expectativa de vida na Grécia Antiga? Um grego conta!

Quando pensamos na Grécia Antiga, muitas vezes imaginamos um mundo de grandes filósofos, atletas e guerreiros, mas você já se perguntou quanto tempo as pessoas realmente viviam naquela época? Existe um mito de que os antigos gregos morriam muito jovens, mas a realidade é bem diferente. Embora a média de vida fosse baixa devido à alta mortalidade infantil, quem chegava à idade adulta podia viver tanto quanto vivemos hoje. Dá para acreditar?

A expectativa de vida e o impacto da mortalidade infantil

Quando os historiadores dizem que a expectativa de vida na Grécia Antiga era de cerca de 30 anos, esse número pode enganar. O motivo? A mortalidade infantil era altíssima. Estima-se que pelo menos 30% dos bebês morriam antes de completar um ano de idade e muitos outros faleciam antes da adolescência.

Isso significa que a média geral era baixa porque incluía muitas mortes precoces. No entanto, se uma pessoa conseguisse sobreviver até os 15 ou 20 anos, suas chances de viver até os 60 ou 70 anos eram bem maiores. Na verdade, na cultura grega, morrer antes dos 60 era considerado prematuro, e aqueles que chegavam aos 80 ou mais eram admirados por sua longevidade.

O papel do estilo de vida da Grécia Antiga na longevidade

Apesar da grande mortalidade infantil, os gregos que conseguiam sobreviver, viviam muitos anos para a época. Foto: Freepik.

A forma como os gregos viviam influenciava diretamente a sua saúde e longevidade. Inclusive, até hoje não é novidade para ninguém que os gregos têm a fama de levar um estilo de vida mais saudável. E, na Grécia antigo, isso não era diferente. Veja alguns fatores que contribuíram para a duração da vida de muitos gregos:

1. Dieta mediterrânea

Os gregos seguiam uma dieta rica em peixes, azeite de oliva, cereais integrais, frutas e vegetais. Eles também consumiam queijo e vinho, mas com moderação. Esse tipo de alimentação, que ainda hoje é considerado um dos mais saudáveis do mundo, ajudava a prevenir doenças cardíacas e mantinha as pessoas saudáveis por mais tempo.

2. Atividade física

O exercício físico era parte do cotidiano. Desde jovens, os meninos eram treinados para serem soldados ou atletas, e os adultos continuavam ativos ao longo da vida, seja no trabalho, na agricultura ou na prática de esportes. O sedentarismo era raro.

3. Senso de comunidade

Os gregos valorizavam muito a vida em sociedade. Os anciãos eram respeitados e frequentemente participavam de debates e decisões políticas. Esse senso de propósito e inclusão social provavelmente contribuía para uma melhor saúde mental e longevidade.

4. Banhos e higiene

Embora a medicina ainda estivesse se desenvolvendo, os gregos tinham bons hábitos de higiene. Os banhos públicos eram comuns, e a preocupação com a limpeza pessoal ajudava a evitar doenças.

Exemplos de longevidade na Grécia Antiga

Diversos relatos históricos indicam que muitas pessoas viviam até idades avançadas.

Heródoto, conhecido como o “Pai da História”, escreveu sobre povos e culturas que tinham longevidade impressionante. Ele mencionou os sacerdotes egípcios, que frequentemente passavam dos 80 anos devido à sua dieta e estilo de vida disciplinado.

Enquanto isso, Platão viveu até cerca de 80 anos, uma idade respeitável para qualquer época. Seu mentor, Sócrates, também viveu bem até os 70 anos, sendo executado por sua filosofia e não por causas naturais.

E não para por aí, o historiador Xenofonte também chegou a uma idade avançada e descreveu diversos generais e líderes que continuavam ativos até idades elevadas.

Doenças e medicina na Grécia Antiga

Apesar de um estilo de vida relativamente saudável, os gregos não estavam imunes a doenças. Epidemias eram comuns e a medicina ainda estava engatinhando.

Hipócrates, considerado o “Pai da Medicina”, trouxe grandes avanços ao sugerir que as doenças tinham causas naturais e não eram apenas castigos dos deuses. Ele incentivava a boa alimentação, o descanso e o uso de ervas medicinais.

Doenças como febres tifoides, tuberculose e malária eram frequentes, e sem os tratamentos modernos, podiam ser fatais. Mesmo assim, muitos gregos conseguiram viver por décadas, especialmente aqueles que tinham acesso a melhores condições de vida.

Mas, então, qual era a verdadeira expectativa de vida na Grécia Antiga?

Se olharmos apenas para a estatística bruta, parece que os gregos viviam pouco. Mas quando excluímos as mortes infantis, a história muda completamente.

De acordo com estudos modernos, um adulto na Grécia Antiga poderia viver entre 60 e 70 anos, semelhante à expectativa de vida em várias regiões do mundo hoje. Os idosos eram respeitados e considerados fontes de sabedoria, o que também pode ter ajudado na qualidade de vida.

Assim, a próxima vez que ouvir que as pessoas da antiguidade viviam apenas 30 anos, lembre-se de que esse número não conta a história completa. Muitos gregos antigos viveram vidas longas e produtivas, deixando um legado que ainda estudamos e admiramos hoje.

  • Grego, morou na Grécia por quase toda a sua vida e em Londres por 3 anos. Trabalhou como Bar Manager, Bartender e Barista em Londres e na Grécia. Além de ter trabalhado nas melhores cozinhas e bares de Londres e da Grécia. Participou de renomados cursos na área e compartilhou o seu conhecimento com seus alunos pela Europa. Por ser apaixonado pelo seu país, encontrou por meio da escrita uma forma de compartilhar com os brasileiros o seu conhecimento sobre viagens, história, cultura, mitologia grega e culinária geral, trazendo o melhor da Grécia para vocês.

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