A Inteligência artificial (IA) decifrou um papiro antigo de 2 mil anos carbonizado pela erupção do Vesúvio, com a participação de uma equipe brasileira. Assim, a conquista, que faz parte do “Desafio do Vesúvio”, revela trechos de um texto em grego sobre filosofia epicurista.
O que é a filosofia epicurista grega?
Antes de mais nada, é importante entender o que é a filosofia epicurista grega. Na verdade, ela é uma corrente filosófica que surgiu na Grécia Antiga, fundada por Epicuro de Samos. Assim, essa filosofia busca a busca da felicidade e o prazer como objetivo principal da vida.
Segundo Epicuro, a felicidade se liga diretamente à busca do prazer e à ausência de dor. No entanto, ele não defendia um prazer imediato e efêmero, mas sim um prazer duradouro e estável, alcançado através do equilíbrio e da moderação.
Então, para os epicuristas, a felicidade se relacionava com a busca de prazeres materiais ou luxos, mas sim com a busca por uma vida simples e tranquila. Eles acreditavam que era possível alcançar a felicidade através do autocontrole, da amizade e da contemplação da natureza.
Além disso, a filosofia epicurista também defende a ideia de que não devemos temer a morte, pois não há consciência após a morte. Portanto, a morte não é um mal a se evitar, mas sim um estado de não-existência.
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IA desvenda papiro antigo: Desafio do Vesúvio
Voltando à descoberta, em 2023, o “Desafio do Vesúvio” convidou cientistas a desvendar um dos quatro rolos de papiro digitalizados no acelerador de partículas Diamond, no Reino Unido. Assim, a equipe vencedora, composta por um doutorando egípcio, um estudante americano e um especialista em robótica da Suíça, recebeu US$ 700 mil pela leitura de 85% de um trecho com 140 caracteres.
Além disso, entre as três equipes que receberam a premiação de US$ 50 mil cada, realizada na Villa Getty, em Los Angeles, contou com a presença de três dos brasileiros premiados. Dessa forma, a equipe brasileira, liderada por Elian Rafael Dal Prá, físico computacional, fez parte dos vencedores do desafio. Ademais, a equipe também conta com o pesquisador Leonardo Scabini.
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O que o papiro revela?
Até o momento, 5% do papiro foram decifrados, revelando um texto em grego sobre a filosofia de Epicuro, na qual o prazer tem importância central. O autor, que se supõe ser Filodemo, questiona como a disponibilidade de bens afeta o prazer que proporcionam.
Assim, Filodemo, no papiro recuperado digitalmente, reflete sobre a percepção em relação à comida, sugerindo que não consideramos imediatamente que itens escassos sejam mais prazerosos do que os abundantes.
Dal Prá, que iniciou seu mestrado este ano, pretende continuar estudando o papiro. “Não necessariamente para ganhar o próximo prêmio, mas queremos estudar quais avanços podem ser atingidos pelos códigos desenvolvidos no contexto do desafio”, explica Odemir Bruno, cientista da computação do IFSC-USP e mentor da equipe.
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A importância do GitHub e do futuro do desafio
O GitHub, plataforma de código aberto, tem sido fundamental para a colaboração entre as equipes. Portanto, a comparação dos métodos premiados pode gerar conhecimento útil para resolver outros problemas.
“A comparação entre os quatro métodos premiados pode gerar conhecimento sobre estratégias computacionais que sejam úteis também para resolver outros problemas.”, disse o cientista Bruno.
Para o futuro, a equipe brasileira e outros vencedores do desafio almejam alcançar uma leitura de 90% dos quatro rolos digitalizados até o momento.
Essa incrível conquista demonstra não apenas o poder da inteligência artificial na decifração de antigos mistérios, mas também a colaboração global e os avanços tecnológicos que impulsionam a pesquisa arqueológica.
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