Em setembro de 2020, em plena pandemia, o Banco Central lançou a nota de 200 reais. O objetivo era simples: facilitar transações em dinheiro em um momento em que o saque em espécie havia aumentado. O desenho trouxe como destaque o lobo-guará, um animal do Cerrado brasileiro ameaçado de extinção. A novidade, porém, gerou um misto de curiosidade e surpresa. Afinal, fazia quase duas décadas que não surgia uma nova cédula na família do real.
Na teoria, a nova nota deveria circular amplamente. Na prática, poucos brasileiros chegaram a usá-la. Passados mais de três anos, muita gente afirma nunca ter visto uma cédula de 200 reais de perto. Mas afinal, por que isso acontece?
Quem caminha pelas grandes cidades, como São Paulo, percebe rapidamente que a nota de 200 reais é quase invisível no dia a dia. Uma reportagem feita na Avenida Paulista mostrou que a maioria das pessoas nunca recebeu ou pagou algo com essa cédula. Aqueles que tiveram contato confirmam que a experiência foi rara.
“Eu só vi a nota um ano depois do lançamento, e mesmo assim não apareceu de novo”, contou Léia Soares, recepcionista em um escritório de construção. Já para Rafaela Jesus, estudante de fisioterapia, a circulação é “bem decepcionante”, já que a nota deveria facilitar pagamentos de valores maiores.
Essas opiniões refletem uma sensação geral: a de que o dinheiro físico, principalmente em valores altos, perdeu espaço para outros meios de pagamento.
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O avanço do Pix e dos pagamentos digitais
Um dos motivos mais apontados para o “sumiço” da nota de 200 reais é a popularização do Pix. Criado em novembro de 2020, logo após o lançamento da cédula, o sistema de transferências instantâneas do Banco Central conquistou o país em poucos meses. Hoje, quase todos os estabelecimentos aceitam Pix, e ele se tornou a forma preferida de pagar entre amigos, em bares, restaurantes e até em feiras de rua.
Além de prático, o Pix é seguro e gratuito. Para muitos, faz mais sentido usar o celular do que carregar notas de valor alto na carteira. Nesse cenário, a cédula de 200 reais acabou perdendo relevância logo de saída.
O que dizem os especialistas?
Economistas explicam que a nota de 200 reais não desapareceu. Ela existe, mas sua emissão foi feita em quantidade limitada. O Banco Central nunca teve intenção de inundar o mercado com essa denominação. A lógica é que novas cédulas entram em circulação de acordo com a demanda. Se o mercado não pede, elas ficam guardadas nos cofres.
Há também questões de segurança. Andar com uma nota de 200 reais chama atenção em assaltos e pode ser inconveniente em locais que não têm troco para valores tão altos. Por isso, comerciantes e clientes muitas vezes preferem notas menores.
Alguns especialistas lembram ainda que a própria criação da nota gerou polêmica. Muitos a consideraram desnecessária, já que o caminho natural da economia era o aumento do uso de meios digitais.
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A posição do Banco Central
O Banco Central, por sua vez, afirma que a circulação da nota ocorreu dentro do esperado. Segundo a instituição, qualquer nova denominação é inserida no mercado de forma gradual, conforme a necessidade. Ou seja, o fato de a maioria das pessoas não ter visto a cédula não significa que o plano tenha falhado, mas que a demanda prática por esse valor é baixa.
Em 2023, o Banco Central confirmou que não houve novas emissões significativas da nota de 200 reais. Ela continua válida, mas está longe de se tornar comum no cotidiano.
O caso da nota de 200 reais mostra como os hábitos de consumo mudaram rapidamente no Brasil. Se antes carregar dinheiro em espécie era regra, hoje o celular substituiu a carteira em muitos momentos. Pagamentos digitais, cartões por aproximação e transferências instantâneas fazem parte da rotina, deixando o dinheiro físico em segundo plano.
No entanto, isso não significa que as cédulas vão desaparecer. Em regiões mais afastadas, onde a internet é instável, o dinheiro em papel ainda é fundamental. E, mesmo em grandes cidades, ele continua sendo uma alternativa em situações emergenciais.
Uma nota rara, mas simbólica
A nota de 200 reais pode até não estar presente no bolso da maioria, mas trouxe à tona discussões importantes sobre o futuro do dinheiro. Ela lembra que o papel-moeda ainda tem seu valor, mas também mostra como a tecnologia redefine a forma como lidamos com ele.
No fim, essa cédula se tornou quase uma peça de coleção. Para alguns, encontrar um lobo-guará em papel é mais raro do que ver o próprio animal na natureza.
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