Suspenso desde 2019, o horário de verão voltou a ser tema de debate nos últimos meses. Muita gente esperava sua volta neste ano, mas o governo brasileiro decidiu manter a suspensão. A escolha foi baseada em análises técnicas que mostram como os hábitos de consumo de energia mudaram e em novas estratégias adotadas para garantir a estabilidade do sistema elétrico nacional.
Por que o horário de verão foi criado?
O horário de verão surgiu com uma ideia simples: adiantar os relógios em uma hora para aproveitar melhor a luz natural no fim do dia e, assim, economizar energia elétrica. Durante muito tempo, essa mudança fez sentido, já que o maior consumo ocorria justamente no começo da noite, quando as luzes das casas e das ruas eram acesas.
Mas o cenário atual é bem diferente.
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Consumo de energia mudou: pico agora é à tarde
Hoje, o pico de consumo não acontece mais à noite, e sim no início da tarde. O motivo? O aumento do uso de aparelhos de ar-condicionado, principalmente nas regiões mais quentes do país. Em fevereiro de 2025, o Brasil bateu um recorde: 103.785 megawatts de demanda às 14h42. Isso mostra que a energia usada para resfriar ambientes superou, de longe, a que antes era gasta com iluminação.
Além disso, as lâmpadas LED se tornaram padrão nas residências e empresas, consumindo bem menos energia do que as antigas incandescentes e fluorescentes. Essa eficiência reduziu ainda mais o impacto que a iluminação tem na conta de luz, e, consequentemente, diminuiu a utilidade do horário de verão.
O governo aposta em outras soluções
Diante desse novo contexto, o Ministério de Minas e Energia (MME) e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) optaram por investir em alternativas para equilibrar oferta e demanda. Segundo o governo, o retorno do horário de verão só seria necessário em caso de crise energética — algo que, por enquanto, não está previsto.
Estudos indicam que o sistema elétrico brasileiro está preparado para atender à demanda até, pelo menos, 2026. Esse planejamento inclui ampliar a geração de energia em hidrelétricas, ajustar o funcionamento das usinas em períodos de seca e manter os reservatórios em níveis seguros.
Outra aposta é na diversificação da matriz energética, com o avanço das fontes renováveis como solar, eólica e biomassa. Também estão em curso campanhas de eficiência energética e programas para incentivar o consumo consciente e combater o desperdício.
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O horário de verão pode voltar?
Uma das grandes vantagens do horário de verão é retornar para casa com a sensação de que o dia ainda não terminou. Foto: Brazil Greece.
Por enquanto, não. Mas a possibilidade não está totalmente descartada. O governo continua acompanhando o comportamento do consumo e realizando simulações para diferentes cenários. Caso o país enfrente uma escassez energética ou mudanças significativas na demanda, a medida pode voltar a ser cogitada.
Vale lembrar que o tema envolve mais do que dados técnicos. Há também questões culturais e econômicas em jogo. Setores como turismo, comércio e entretenimento defendem o retorno do horário de verão, alegando que os dias mais longos estimulam o consumo e o lazer. Por outro lado, essas vantagens precisam ser equilibradas com os custos e a real efetividade da medida.
O que muda para o consumidor brasileiro?
Na prática, nada muda: os brasileiros não precisarão adiantar os relógios neste fim de ano. A rotina segue como está, sem ajustes em horários de funcionamento de serviços ou alterações no dia a dia.
Mais do que uma simples questão de ponteiros, o debate sobre o horário de verão reforça um ponto importante: a necessidade de repensar o uso da energia em um país cada vez mais dependente de aparelhos e tecnologias elétricas. O foco agora está em usar melhor o que temos, com eficiência, consciência e sustentabilidade.
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