Após décadas de presença no cotidiano de milhares de brasileiros, uma conhecida rede de supermercados começou a encerrar suas atividades em várias regiões do país. A decisão faz parte da estratégia de expansão do grupo Carrefour, que assumiu o controle da Rede Big no Brasil em 2021. Entre os estabelecimentos afetados está o Supermercado Nacional, especialmente a unidade de Montenegro, no Rio Grande do Sul, que se prepara para fechar as portas definitivamente no próximo dia 13.
A movimentação já é visível para os moradores da cidade: prateleiras esvaziadas, promoções agressivas para zerar o estoque e o sentimento de fim de ciclo para uma loja que fez parte da rotina da população por cerca de 30 anos.
Do Nacional ao Carrefour
A Rede Big, antiga Walmart Brasil, havia incorporado várias bandeiras, incluindo o Supermercado Nacional. Quando o Carrefour comprou a empresa, anunciou que implementaria mudanças profundas em sua estrutura de negócios no país, centralizando esforços na ampliação da própria marca. O encerramento das lojas herdadas, como a Nacional, faz parte desse redesenho comercial.
Segundo comunicado da empresa, a prioridade agora é investir em formatos de negócio como o Sam’s Club, operação que o grupo mantém por meio de uma licença com o Walmart, além de reforçar a presença das unidades Carrefour em todo o território nacional.
A decisão de encerrar as atividades da antiga rede tem um objetivo claro: concentrar operações e ganhar mais espaço em um mercado extremamente competitivo. O setor supermercadista no Brasil tem passado por transformações nos últimos anos, com fusões, aquisições e mudanças no perfil de consumo. A pandemia, a inflação e os desafios logísticos aceleraram esse processo, fazendo com que grandes grupos priorizem lojas mais rentáveis e formatos que ofereçam margens mais interessantes.
No caso da unidade de Montenegro, o espaço não ficará vazio por muito tempo. A área será ocupada por uma loja da Mombach, empresa alimentícia que já atua na cidade. A substituição pela nova rede indica que, apesar da saída de uma marca tradicional, o ponto comercial continuará ativo no segmento de alimentos, atendendo aos consumidores locais com outra proposta.
Para quem vive na cidade, o fechamento do supermercado não representa somente a troca de uma marca por outra. Há, na verdade, impactos sociais e econômicos: funcionários que precisarão ser realocados ou buscar novas oportunidades, clientes que perdem vínculos de décadas com o espaço e uma mudança no cenário comercial local.
No entanto, há também expectativa em relação ao novo empreendimento. A chegada de outra rede pode significar geração de empregos, novas ofertas de produtos e estímulo à economia local.
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Esse não é um caso isolado
Houve outros casos semelhantes de fechamento de supermercado. Imagem: brazilgreece.
A situação do Nacional não é um caso isolado. Desde a aquisição da Rede Big, diversas lojas em diferentes estados já encerraram atividades ou estão em processo de transição. Embora o Carrefour ainda não tenha divulgado um cronograma completo de encerramentos, a tendência é que todas as unidades vinculadas à antiga rede deixem de operar em breve.
O movimento faz parte de um padrão internacional: grandes conglomerados priorizam a padronização das marcas sob seu comando, tanto para reforçar identidade junto ao público quanto para facilitar a gestão interna.
Muitas dessas redes construíram relações duradouras com os consumidores. No caso de Montenegro, o Supermercado Nacional era mais que um ponto de compras, era um lugar de convivência, encontro e lembranças familiares. A troca inevitável de marcas tende a provocar certo estranhamento, principalmente entre os mais antigos frequentadores.
Ainda assim, para o consumidor moderno, que busca praticidade, preço e variedade, a mudança de bandeira pode se diluir com o tempo, desde que a nova loja mantenha um bom padrão de atendimento.
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O movimento de concentração de marcas observado no Brasil também é visto em países como a Grécia, onde redes internacionais passaram a dominar o mercado alimentício nas últimas décadas. Em Atenas, por exemplo, marcas locais foram substituídas por grandes players europeus, seguindo a lógica de fusões e aquisições em busca de eficiência e ampliação de mercado.
Esse tipo de mudança, comum em mercados globalizados, reflete um padrão que não distingue fronteiras: grandes grupos ganham força enquanto marcas regionais, ainda que queridas pelo público, são incorporadas ou desaparecem.
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