Embora possa parecer banal, o “humilde” papel higiênico é uma das invenções mais importantes da era moderna, tendo assumido sua forma atual no final do século XIX. Apesar de hoje em dia subestimarmos essa conquista, como veremos a seguir, ela representa uma das mais notáveis invenções do nosso dia a dia. Mas o que usava o povo antigo no lugar do papel higiênico?
Os métodos de higiene pessoal, digamos, eram bastante rudimentares e variavam de acordo com o clima e a região.
Por exemplo, em áreas tropicais, conchas e folhas de bananeira serviam como limpadores improvisados. Além disso, os povos antigos complementavam esse método com a água do mar para enxágue. Enquanto isso, em regiões mais frias da Europa, peles de animais e até neve serviam para a limpeza após a evacuação.
O papel higiênico na Grécia antiga
Na terra dos filósofos e guerreiros, a história do “papel higiênico” é peculiar. Apesar de seus avanços em diversos campos, os gregos antigos não se destacaram nesse quesito. Em vez de um material macio e absorvente, eles usavam… pedras e cacos de cerâmica!
Além disso, os atenienses, em particular, tinham uma fonte peculiar para esses “limpadores”: os restos das ostracoforias, o sistema de votação por ostracismo. Após a contagem dos votos, milhares de cacos com os nomes de políticos indesejáveis eram descartados.
Segundo historiadores, muitos atenienses coletavam esses cacos, ostentando os nomes de seus rivais políticos, para uma finalidade nada honrosa: usá-los como “papel higiênico”! Imagine usar o nome do seu desafeto para limpar-se após usar o banheiro!
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Aristófanes revelou o papel higiênico dos ricos
Porém, para os mais abastados, existia uma alternativa “premium”: folhas de alho. O dramaturgo grego Aristófanes, em suas obras “Irene” (421 a.C.) e “Plutus” (388 a.C.), fornece pistas sobre essa prática. Em “Irene”, o personagem Trygaeus menciona que três pedras eram suficientes para a higiene. Enquanto em “Plutus”, o escravo Carion imagina uma Atenas utópica onde até os servos usavam folhas de alho, como os ricos.
Embora pareça rudimentar e até mesmo grotesco para os padrões modernos, a história do “papel higiênico” na Grécia Antiga nos oferece um vislumbre fascinante da vida cotidiana e das diferentes soluções que as pessoas desenvolveram para lidar com suas necessidades básicas em um mundo sem as comodidades que hoje damos como certas.
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O papel higiênico no Império Romano
Na Roma Antiga, as pessoas utilizavam esponjas fixadas em cabos de madeira, conhecidas como tersorium ou xylospongium, para a higiene após a evacuação. Então, essas esponjas eram lavadas em um balde com água e vinagre e também eram utilizadas para limpar as latrinas públicas. Enquanto isso, as classes mais abastadas usavam pequenos pedaços de tecido que descartavam na latrina após o uso. Restos desses tecidos foram encontrados em um antigo sistema de esgoto em Herculano, cidade italiana soterrada pela erupção do Vesúvio em 79 d.C.
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Os chineses foram os primeiros
Na China, o papel era fabricado desde o século II a.C., mas seu uso como papel higiênico só foi documentado em 589 d.C. Um estudioso chinês relatou que evitava usar papel com textos clássicos ou nomes de sábios para essa finalidade. Entre os séculos VI e XIX, o papel higiênico era um artigo de luxo acessível apenas à aristocracia e aos ricos. No século XIV, a China produzia 10 milhões de pacotes de papel higiênico por ano, com quantidades variando entre 1.000 e 10.000 folhas por pacote. Em 1393, folhas aromáticas de papel foram produzidas para a família imperial, precursores dos modernos lenços umedecidos.
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O papel higiênico na Europa Medieval
Na Europa Medieval, apesar da disponibilidade do papel a partir do século XV, o uso como papel higiênico não era comum. As classes altas usavam pedaços de tecido ou renda, enquanto a população em geral utilizava folhas de milho após a introdução da planta na Europa.
Quem inventou o papel higiênico
O moderno papel higiênico que usamos hoje
A invenção do papel higiênico moderno ocorreu em 1857, quando Joseph Gayetty comercializou o primeiro papel higiênico no Ocidente, em Nova York. Vendido em pacotes de 500 folhas por 50 centavos, era considerado um produto caro para a época. Fabricado com fibras de bananeira, era perfumado com aloe vera e vendido como produto medicinal.
As vendas iniciais foram baixas, pois a população americana estava habituada a usar jornais e revistas descartados. No entanto, na década de 1870, a popularidade do papel higiênico cresceu e o preço diminuiu com a entrada de novos concorrentes no mercado. No final do século XIX, o papel higiênico feito de madeira foi lançado no mercado internacional.
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Os modernos lenços umedecidos
Em 1887, Seth Wheeler patenteou o rolo de papel higiênico perfurado, permitindo a separação individual das folhas. Esse design é fundamentalmente o mesmo que usamos hoje em dia. Wheeler também inventou um dispenser com rolos de reposição automática, utilizado em muitos toaletes públicos.
A jornada do papel higiênico demonstra como a higiene pessoal evoluiu ao longo dos séculos, desde métodos rudimentares até a praticidade e o conforto do produto que utilizamos hoje em dia. A inventividade e a busca por soluções mais higiênicas marcaram essa história, transformando completamente a maneira como lidamos com nossas necessidades básicas.
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