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A ilha mais isolada do planeta tem nome português e alma britânica; veja qual é

Tristão da Cunha: a ilha mais isolada do mundo e sua surpreendente vida em comunidade
| Em 03/11/2025 às 09:28
Imagem ilustrativa da Ilha Tristão da Cunha. Foto: Brazil Greece.

Em meio ao Atlântico Sul, rodeada por águas profundas e a milhares de quilômetros de qualquer continente, existe uma pequena ilha que parece saída de outro tempo. Pouca gente ouviu falar dela, mas quem descobre sua história costuma se encantar. O nome é Tristão da Cunha, uma homenagem a um explorador português. Curiosamente, seus cerca de 250 moradores vivem sob a bandeira britânica e falam apenas inglês.

É o ponto habitado mais isolado do planeta. Um lugar onde o relógio parece andar devagar, longe da pressa e das distrações do mundo moderno. Pesquisadores, curiosos e viajantes que conhecem Tristão da Cunha se veem diante de um território remoto, onde a vida segue seu próprio ritmo, sustentada por laços de comunidade e um contato constante com a natureza.

Um nome português perdido no tempo

A história do nome começa em 1506, quando o navegador português Tristão da Cunha avistou o arquipélago durante uma expedição. Ele nunca chegou a pisar na ilha, mas deixou sua marca no mapa. E foi só isso. Apesar da origem portuguesa, a ilha jamais teve ligação com a cultura de Portugal. No século XIX, tornou-se um território ultramarino britânico, e assim permanece até hoje.

O nome lusófono é apenas uma lembrança distante. No dia a dia, fala-se inglês. Toda a administração, a escola e até os serviços públicos seguem o modelo do Reino Unido.

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Um destino sem avião, só se chega de barco

Ir até Tristão da Cunha não é simples. Não há aeroporto, nem pista de pouso. A única maneira de chegar é pelo mar, em viagens que partem da Cidade do Cabo, na África do Sul. O trajeto leva de seis a dez dias, dependendo do clima e do tipo de embarcação.

Esse isolamento geográfico faz da ilha um dos lugares mais remotos do mundo. Ela fica a mais de 2.400 km do litoral africano e quase 3.400 km da América do Sul. Para ter uma ideia, a distância entre Tristão da Cunha e o Brasil é maior do que a de Atenas até Lisboa. Mesmo quem vive “perto” no mapa, como brasileiros ou gregos, enfrentaria uma longa jornada para chegar lá.

Uma vida simples, mas completa

Ilha Tristão da Cunha.

Yagerq, CC0, via Wikimedia Commons.

A vila onde todos vivem se chama Edinburgh of the Seven Seas, nome dado em homenagem à visita do duque de Edimburgo, em 1867. É a única comunidade da ilha, formada por descendentes de poucos colonizadores europeus. Hoje, há apenas alguns sobrenomes entre os moradores, o que mostra o quanto a população é pequena e unida.

A economia local gira em torno da pesca, especialmente da lagosta, da agricultura e da venda de selos e moedas para colecionadores. Como quase tudo precisa ser produzido localmente, o povo de Tristão da Cunha aprendeu a ser autossuficiente. Há escola, hospital, igreja e até um pequeno conselho que administra a ilha. A energia vem de fontes sustentáveis, e o abastecimento depende de estoques planejados com meses de antecedência.

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Um vulcão que muda a paisagem e o cotidiano

No coração da ilha se ergue o Queen Mary’s Peak, um vulcão com mais de 2.000 metros de altura. Ele domina a paisagem e influencia o clima, que é frio e úmido durante quase o ano todo.

Apesar da aparência tranquila, o vulcão já mostrou sua força. Em 1961, uma erupção obrigou todos os moradores a evacuar. Foram levados para o Reino Unido e ficaram dois anos longe de casa. Mas a saudade falou mais alto: assim que a ilha foi considerada segura, decidiram voltar, um gesto que mostra o quanto esse pequeno pedaço de terra significa para quem nasceu ali.

Um santuário natural no meio do oceano

A natureza é o que mais impressiona em Tristão da Cunha. Por estar tão longe de grandes cidades, o arquipélago virou um verdadeiro refúgio para a vida selvagem. Aves marinhas, focas, elefantes-marinhos e pinguins dividem espaço com os humanos. Cientistas do mundo todo visitam a região para estudar como as espécies evoluem em ambientes isolados.

Por sua importância ecológica, a ilha é uma área de conservação rigorosamente protegida. O turismo é quase inexistente, e apenas algumas expedições científicas são autorizadas todos os anos. A prioridade é preservar o equilíbrio entre natureza e comunidade.

Onde o tempo anda devagar

Viver em Tristão da Cunha é como fazer uma pausa do mundo. Não há internet rápida, nem lojas, nem trânsito. Todo mundo se conhece. As crianças crescem brincando ao ar livre e aprendendo o valor da cooperação desde cedo.

Para quem vem de cidades grandes, pode parecer impensável uma vida sem filas, supermercados ou carros. Mas é exatamente isso que dá charme à ilha: ali, o isolamento não é castigo, é uma escolha. Um jeito de viver em harmonia com o que se tem, cercado pelo mar, pelo silêncio e pela força da comunidade.

  • Konstantinos P.

    Grego, morou na Grécia por quase toda a sua vida e em Londres por 3 anos. Trabalhou como Bar Manager, Bartender e Barista em Londres e na Grécia. Além de ter trabalhado nas melhores cozinhas e bares de Londres e da Grécia. Participou de renomados cursos na área e compartilhou o seu conhecimento com seus alunos pela Europa. Por ser apaixonado pelo seu país, encontrou por meio da escrita uma forma de compartilhar com os brasileiros o seu conhecimento sobre viagens, história, cultura, mitologia grega e culinária geral, trazendo o melhor da Grécia para vocês.

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