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Atlântida perdida de Platão existiu ou é um mito? Veja as descobertas

A Ilha perdida segundo Platão
| Em 12/11/2024 às 08:00
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O relato de Atlântida, a ilha misteriosa que desapareceu nas profundezas do oceano, intriga a humanidade há séculos. E, para quem não sabe, a primeira menção a essa civilização perdida veio de Platão, o filósofo grego do século IV a.C., que descreveu Atlântida em suas obras “Timeu” e “Crítias”. Assim, para Platão, Atlântida era uma potência militar e cultural que enfrentou Atenas, até ser destruída em um evento catastrófico. Mas será que essa história tem algum fundamento real? Descubra logo a seguir!

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A descrição de Platão da Atlântida perdida

Platão localizou Atlântida “além das Colunas de Hércules”, termo usado na antiguidade para se referir ao Estreito de Gibraltar. Ele descreveu uma civilização grandiosa, com estruturas arquitetônicas impressionantes, canais e muralhas que protegiam uma cidade central cercada por anéis de água e terra. Esse povo, segundo o filósofo, tinha vastos recursos naturais e usava um metal raro e valioso chamado “oricalco”. Em sua visão, a sociedade atlante combinava força militar e avanços culturais, mas também foi corrompida pela ambição e ganância, o que teria provocado sua queda.

Um ponto central na narrativa de Platão é o confronto entre Atlântida e Atenas. Platão retrata a Atenas antiga como uma sociedade ideal, em contraste com a decadência moral dos atlantes. Segundo o relato, a ira dos deuses pela corrupção e arrogância de Atlântida culminou em terremotos e inundações, que afundaram a ilha em um único dia e noite de destruição.

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Uma data controversa

Platão afirmou que Atlântida existiu em torno de 9.600 a.C., uma data que levanta dúvidas. Essa cronologia é anterior a qualquer civilização complexa conhecida. Então, isso levou muitos estudiosos a tratar a narrativa como uma alegoria filosófica, mais do que um registro histórico. A data sugere um período logo após o fim da última Era Glacial, quando o nível do mar estava significativamente mais baixo do que hoje, expondo terras que hoje estão submersas.

Curiosamente, recentes estudos arqueológicos e geológicos apontam que o aumento abrupto do nível do mar, cerca de 8.000 a.C., pode ter submergido áreas costeiras de modo catastrófico, algo que talvez tenha inspirado o mito de Atlântida. A teoria de que Atlântida possa ter sido um arquipélago do Mar Egeu, como a plataforma das Cíclades, ganhou força. Estudos geográficos sugerem que essa área já foi uma extensão de terra contínua, possivelmente habitada, mas que foi inundada pelo mar com o fim da Era Glacial.

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Teorias sobre a localização de Atlântida

Vários estudiosos propuseram locais alternativos para Atlântida, baseados nas características geográficas descritas por Platão. A ilha de Santorini, por exemplo, é uma das hipóteses mais populares. Antes da sua erupção por volta de 1.600 a.C., Santorini tinha uma configuração circular, semelhante à cidade descrita por Platão. A erupção do vulcão de Santorini foi devastadora e causou um colapso que poderia ter sido o cenário de uma “Atlântida”, mas essa teoria enfrenta críticas por não coincidir com a cronologia indicada por Platão.

Outra teoria intrigante coloca Atlântida na vasta planície submersa da plataforma das Cíclades, entre as ilhas gregas. Antes da elevação do nível do mar, essa área era uma grande extensão de terra, e a sua proximidade ao continente poderia explicar o “território além das Colunas de Hércules”. Alguns pesquisadores argumentam que os restos dessa civilização submersa teriam migrado para o continente, contribuindo para a formação de culturas como a minoica e a micênica.

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As evidências arqueológicas e o DNA

Atlântida perdida de Platão existiu ou é um mito? Veja as descobertas

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Embora muitos considerem Atlântida uma lenda, descobertas arqueológicas sugerem que grupos humanos viveram nas ilhas do Mar Egeu em tempos remotos. Evidências genéticas indicam que as civilizações minoica e micênica, que floresceram nas ilhas gregas e no sul da Grécia, possuíam semelhanças genéticas e culturais, possivelmente herdadas de povos pré-históricos. Alguns estudiosos defendem que, se Platão realmente baseou sua narrativa em uma civilização real, ele pode ter se referido a esses povos, que eram navegadores experientes e possivelmente cruzaram o Mediterrâneo, chegando até áreas distantes como o norte da África e, segundo teorias mais controversas, até a América.

Esses grupos pré-históricos teriam assistido a mudanças drásticas em seus ambientes devido ao aumento do nível do mar e ao impacto de desastres naturais, como terremotos e tsunamis, que poderiam ter influenciado os relatos de uma terra afundada. Embora as evidências sejam limitadas, a pesquisa genética moderna revela conexões intrigantes, como o haplogrupo X, uma linhagem genética rara encontrada no Mediterrâneo e também em áreas distantes, o que levanta a possibilidade de migrações marítimas na pré-história.

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A inspiração filosófica de Platão

A teoria de que Atlântida foi um conto moralista criado por Platão é amplamente aceita. A história permitiu que ele discutisse temas filosóficos sobre a moralidade e os perigos da ambição. Ao inventar uma civilização grandiosa que sucumbiu ao orgulho e à ganância, Platão pode ter pretendido advertir sua própria sociedade dos riscos do poder e da corrupção. É possível que ele tenha usado uma narrativa semi-ficcional para ilustrar ideais e conflitos de sua época, comparando Atenas com uma sociedade idealizada e Atlântida com uma nação que perdeu seu rumo ético.

Atlântida é um mito ou é realidade?

A narrativa de Platão permanece uma das mais enigmáticas e debatidas da história antiga. Para alguns, Atlântida representa uma civilização avançada que desapareceu sem deixar vestígios. Enquanto, para outros, trata-se de um mito projetado para transmitir uma lição moral. A falta de evidências concretas de uma Atlântida real não impede que a ideia de sua existência continue a atrair arqueólogos, historiadores e entusiastas.

Por fim, atualmente, as teorias que sugerem que Atlântida poderia estar na área das Cíclades, ou mesmo em locais como a ilha de Santorini, são as mais aceitas entre os estudiosos que buscam uma base histórica para o mito. De qualquer forma, com a tecnologia moderna, novas descobertas podem um dia revelar mais sobre a origem deste mito. Contudo, até que provas definitivas sejam encontradas, Atlântida continuará a inspirar e a provocar a imaginação. Dessa forma, continua sendo uma das histórias mais duradouras e intrigantes da humanidade.

  • Konstantinos P.

    Grego, morou na Grécia por quase toda a sua vida e em Londres por 3 anos. Trabalhou como Bar Manager, Bartender e Barista em Londres e na Grécia. Além de ter trabalhado nas melhores cozinhas e bares de Londres e da Grécia. Participou de renomados cursos na área e compartilhou o seu conhecimento com seus alunos pela Europa. Por ser apaixonado pelo seu país, encontrou por meio da escrita uma forma de compartilhar com os brasileiros o seu conhecimento sobre viagens, história, cultura, mitologia grega e culinária geral, trazendo o melhor da Grécia para vocês.

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