Nos últimos anos, a busca por uma alimentação mais saudável levou muitos consumidores a optar por produtos rotulados como “100% integrais”. A ideia é simples: apostar em alimentos que ofereçam uma melhor qualidade nutricional, ricos em fibras e nutrientes, em oposição aos produtos refinados. No entanto, recentes denúncias envolvendo as marcas Nutrella e Wickbold lançaram uma sombra de dúvida sobre a veracidade dessas alegações.
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A denúncia de pães 100% integrais e o papel do Idec
O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) foi a entidade responsável por trazer à tona a polêmica sobre a real composição dos pães comercializados pelas duas marcas.
O foco da denúncia estava nas linhas “100% NATURAL” e “100% Nutrição”, promovidas como altamente saudáveis e voltadas para quem busca uma alimentação balanceada. No entanto, a análise do Idec indicou que os produtos continham entre 37,9% e 65,9% de ingredientes integrais, bem abaixo do que se esperaria de um produto rotulado como “100% integral”.
O problema apontado não estava somente na quantidade de ingredientes integrais, mas também na clareza das informações fornecidas ao consumidor. Embora as embalagens apresentassem ajustes nas descrições, a real porcentagem de ingredientes integrais continuava pouco visível e até confusa para a maioria dos compradores.
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O que dizem as novas normas da Anvisa?
A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 712/2022 da Anvisa, em vigor desde julho de 2023, trouxe mudanças significativas para os rótulos e a classificação de alimentos integrais no Brasil. Segundo as novas diretrizes, produtos que se apresentam como integrais devem conter mais de 30% de cereais integrais em sua composição, e esses ingredientes devem estar presentes em maior quantidade que os refinados. Essa medida visa assegurar que os consumidores não sejam induzidos ao erro por alegações enganosas ou parciais.
Além disso, para produtos com menos de 30% de cereais integrais, a norma permite que o percentual seja indicado no rótulo, mas impede que o termo “integral” seja usado na identificação principal. Isso impede que produtos com baixo teor de grãos integrais usem um marketing enganoso para atrair compradores que buscam alimentos mais saudáveis.
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Como Nutrella e Wickbold responderam à denúncia sobre serem 100% integrais?
Diante da repercussão, as empresas Nutrella e Wickbold emitiram comunicados defendendo a transparência de suas práticas. A Wickbold afirmou que seus produtos mantiveram a formulação original, mas que o nome foi alterado para “100% Nutrição” com o intuito de destacar a inclusão de outros grãos benéficos à saúde. A empresa alegou que a mudança segue a regulamentação e busca oferecer ao consumidor um pão com maior valor nutricional, mesmo que não atenda ao critério de “100% integral” conforme estabelecido pela Anvisa.
A Nutrella, por sua vez, também destacou que suas linhas foram ajustadas para estarem em conformidade com as normas da Anvisa e que todas as informações sobre a composição dos produtos estão presentes no rótulo, permitindo ao consumidor tomar decisões informadas.
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A importância da leitura de rótulos
O episódio envolvendo Nutrella e Wickbold reforça a necessidade de maior atenção por parte dos consumidores na leitura de rótulos e na compreensão das informações fornecidas pelas marcas. Termos como “100% natural” ou “100% nutrição” não indicam necessariamente que o produto seja integral, o que pode ser frustrante para quem busca esse tipo de alimento por questões de saúde.
Segundo especialistas em nutrição, a escolha por pães integrais deve considerar, além da porcentagem de ingredientes integrais, a quantidade de fibras presente no produto. Um pão integral de qualidade deve apresentar pelo menos 3 gramas de fibras por porção, o que contribui para uma digestão mais lenta, sensação de saciedade e benefícios no controle dos níveis de colesterol e glicose no sangue.
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Transparência na indústria alimentícia
A polêmica também levantou discussões sobre a necessidade de maior fiscalização e regulamentação na indústria alimentícia. A Anvisa, ao estabelecer normas mais rigorosas, busca garantir a transparência das informações, mas cabe aos fabricantes e ao mercado aderirem a essas práticas de forma proativa e ética.
Ainda assim, a questão vai além das normas. É preciso que o consumidor esteja atento e busque se educar sobre os rótulos e ingredientes dos alimentos que consome. Nesse sentido, iniciativas como a do Idec desempenham um papel essencial ao defender os direitos dos consumidores e pressionar por um mercado mais claro e honesto.
Diante das novas regulamentações e da pressão de entidades de defesa do consumidor, espera-se que outras marcas do setor alimentício sigam as diretrizes e ajustem seus produtos e rótulos conforme as normas da Anvisa. Esse alinhamento é fundamental para evitar sanções legais e para reconquistar a confiança dos consumidores, que têm se tornado cada vez mais exigentes e conscientes sobre suas escolhas alimentares.
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