O hidrogênio branco, também conhecido como “ouro geológico”, é uma dádiva natural presente na crosta terrestre, emergindo como um potencial cálice sagrado para a crise climática.
A singularidade do hidrogênio branco reside em sua capacidade de produzir apenas água quando queimado, tornando-o uma fonte altamente atrativa de energia limpa. Setores intensivos em energia, como aviação, navegação e metalurgia, estão ávidos por uma solução que vá além das limitações das fontes renováveis convencionais, como solar e eólica.
Embora o hidrogênio seja o elemento mais abundante no universo, geralmente está ligado a outras moléculas. Até hoje, a produção comercial de hidrogênio dependia de processos intensivos em energia alimentados por combustíveis fósseis.
O hidrogênio difere dependendo da cor
O hidrogênio possui uma paleta de cores, representando diferentes tipos. O “cinza” provém do metano, o “marrom” do carvão, e o “azul” é similar ao “cinza”, mas com a captura de poluentes. O mais promissor, ecologicamente falando, é o “verde”, produzido por meio de fontes renováveis para a eletrólise da água.
No entanto, a produção em pequena escala e os custos ainda elevados tornam o hidrogênio verde uma opção desafiadora. Assim, o hidrogênio branco, uma fonte aparentemente abundante e subutilizada, está ganhando destaque.
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O acidente no Mali que mudou tudo
E um dia, soubemos sobre o Mali. Um país extremamente pobre na África Ocidental que, aparentemente, possui vastos depósitos de hidrogênio branco. Em 1987, na aldeia de Bourakebougou, um agricultor sentado ao lado de um poço tentou acender um cigarro. Em questão de segundos, a área sacudiu por uma explosão gigantesca, com o próprio homem sofrendo graves queimaduras.
Uma empresa de petróleo e gás reabriu o poço em 2011, que fechou após o acidente. Relatos indicam que o poço continha um gás, revelando-se 98% de hidrogênio. Utilizou-se esse hidrogênio para fornecer energia à aldeia, e mais de uma década depois, ainda está em produção.
Estudos sobre o Hidrogênio de especialistas
Em 2018, um estudo foi lançado sobre esse depósito, chamando a atenção da comunidade científica e de Jeffrey Ellis, que trabalha como geoquímico de petróleo desde a década de 1980.
Ele observou a rápida expansão da indústria do gás de xisto nos EUA, que revolucionou o mercado de energia, e agora, estamos em algo que eu acho que é possivelmente uma segunda revolução.
Isabelle Moretti, também especialista em hidrogênio branco, acredita que o futuro não está na busca por recursos, mas na identificação de grandes depósitos que tornem o hidrogênio branco economicamente acessível.
Depósitos já foram identificados em várias partes do mundo, prometendo uma nova era na produção de energia limpa. Então, o hidrogênio branco surge como uma peça-chave na construção de um futuro mais verde e sustentável, desencadeando silenciosamente uma revolução na energia limpa.
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