Você sabia que, na América do Sul, existem vários exemplares de arte rupestre? Ao longo de todo o continente, se espalham traços milenares da presença humana, sobretudo em cavernas e abrigos rochosos. Mas, um mistério, em plena Patagônia Argentina, mexe com o imaginário (e curiosidade) de pesquisadores e entusiastas da Arqueologia: a Caverna Huenul, até então, nossas pinturas rupestres mais antigas.
Antes de qualquer coisa, é preciso pensar estas pinturas como marcadoras de uma expressão artística e comunicação ancestral. No entanto, ganham destaque na região patagônica por refletirem uma sociedade que se desenvolveu em meio a mudanças climáticas extremas.
Por isso, cada descobertas na caverna, que fica em Neuquén, só aumenta o fascínio por essa civilização.
Onde fica a arte rupestre mais antiga da América do Sul?
A Caverna de Huenul fica no norte de Neuquén, uma província argentina. Um dos motivos que as colocam como um tesouro arqueológico é a estimativa de quando foram feitas.
Por isso, pesquisadores argentinos e chilenos, ao longo de mais de uma década, dedicaram-se ao estudo meticuloso do abrigo rochoso de 630 metros quadrados na Patagônia. Só para ilustrar, são quase 900 pinturas distintas, entre formas geométricas, representações humanas e animais.
Assim, a caverna revela uma riqueza de detalhes sobre a vida de sociedades caçadoras-coletoras que habitaram a região. E, principalmente, as condições climáticas adversas.
Segundo os estudos, a produção arte rupestre da caverna Huenul se deu em diferentes momentos históricos. Ou seja, desde o Holoceno médio até o Holoceno tardio. Desta forma, abrange um período de cerca de 6.000 anos.
Contudo, a datação por radiocarbono indicou que a pintura mais antiga, no setor norte da caverna, é de aproximadamente 8.200 anos. Assim, é a mais antiga da América do Sul e, também, uma das mais antigas do mundo.
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O que é o “enigma dos pentes”?
Porém, além da complexidade e mesmo a data das pinturas, outra descoberta intrigante movimentou os arqueólogos. Entre as pinturas rupestres da caverna Huenul, há um… pente. Mas, por que tanto fascínio?
A princípio, mais de 100 gerações humanas vêm registrando esse design, o que equivale a um período de 3 mil anos. E, existe o padrão de uso de um pigmento preto. Essa persistência sugere não apenas uma tradição estética, mas também um meio de comunicação entre gerações que se destaca em um contexto de extrema aridez.
Sendo assim, como uma espécie de linguagem visual, esses pentes têm o potencial de transmitir informações valiosas sobre a vida, o ambiente e talvez até aspectos religiosos. Contudo, nenhum pesquisador conseguiu decifrar o significado dos pentes, mas há hipóteses.
Por exemplo, a de que os pentes representariam uma forma de identidade grupal. Desta forma, mostrariam a pertença a uma determinada comunidade ou linhagem. Ou, ainda, que fossem uma forma de marcar o território, sinalizando a presença e a permanência de um grupo na região.
Finalmente, há uma terceira hipótese de que os pentes tivessem uma função simbólica, relacionada a crenças ou rituais.
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Mais exemplos de arte rupestre na América do Sul
Embora tenha o exemplar mais antigo, a caverna Huenul não é única a preservar pintura rupestre na América do Sul. Pelo contrário, diversas regiões mostram a presença humana nos períodos mais longínquos da história. Por exemplo:
- Cueva de las Manos del Río (Argentina): exibe pinturas datadas de mais de 10.000 anos.
- Parque Nacional Serra da Capivara (Brasil): reúne cerca de 400 sítios arqueológicos, sendo um dos mais relevantes das Américas
- Serranía de La Lindosa (Colômbia): reúne vestígios que remontam a períodos tão distantes quanto 25.000 anos atrás
No Brasil, ainda temos outros sítios que preservam pintura rupestre, como Lagoa Santa (Minas Gerais) e o Parque Nacional Sete Cidades (Piauí).
A arte rupestre, inegavelmente, é uma das formas mais antigas e universais de expressão humana. Estas pinturas refletem, sobretudo, a diversidade e a complexidade das sociedades que a produziram. São, portanto, um patrimônio cultural e científico de valor inestimável, que merece ser preservado e divulgado.
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