É comum nos pegarmos repetindo hábitos que sabemos ser prejudiciais, como procrastinar, comer junk food ou não fazer exercícios. Mas por que agimos contra nossos próprios interesses? Será que há alguma explicação por trás de por que fazemos coisas que nos fazem mal? Bem, filósofos antigos, como Sócrates, Platão e Aristóteles, também se depararam com essa questão e a denominaram de “akrasia”, que é a falta de autocontrole ou a incapacidade de seguir aquilo que julgamos ser o melhor para nós. Mas, por que isso acontece? Confira a seguir!
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Por que fazemos coisas que nos fazem mal?
Antes de mais nada, vamos tentar entende o pensamento dos filósofos a respeito. Segundo Sócrates, agir contra o que sabemos ser melhor é resultado de um erro de julgamento. Dessa forma, ele acreditava que se realmente compreendêssemos o que é bom, não agiríamos de forma contrária. Ou seja, fazer algo que seja ruim para nós mesmos é simplesmente resultado da ignorância, já que ninguém poderia se prejudicar de propósito.
Enquanto isso, Aristóteles fez uma distinção entre dois tipos de akrasia: a impetuosa, quando agimos sem pensar, e a fraca, quando mudamos de ideia diante da tentação. De qualquer forma, ambos os filósofos concordavam que a akrasia estava ligada a uma falha na razão ou no conhecimento.
Já Platão, aluno de Sócrates, não poderia pensar diferente do seu mestre. Ele expandiu essa ideia em seus próprios escritos, como em “Protágoras”. Assim, também acreditava que as pessoas agem contra o seu próprio interesse devido a uma falha no entendimento.
No entanto, Platão introduziu uma visão mais complexa da alma humana, dividindo-a em três partes: a razão, o espírito e o apetite. Segundo ele, a akrasia ocorre quando o apetite, ou os desejos irracionais, sobrepõe-se à razão. Então, isso significa que, mesmo sabendo o que é certo, os desejos podem nos levar a agir de maneira contrária ao nosso melhor julgamento.
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Como parar de fazer coisas que fazem mal para nós mesmos?
Para mudar esse comportamento, a psicologia moderna sugere algumas estratégias práticas. A primeira é criar planos concretos para evitar a procrastinação e os maus hábitos.
Inclusive, “intenção de implementação” é uma técnica onde se define um plano claro: “Se for terça-feira, então irei à aula de ioga”. Além disso, é útil ajustar o ambiente ao nosso redor para minimizar as tentações. Por exemplo, manter alimentos saudáveis à vista e eliminar distrações durante o trabalho.
A psicologia também enfatiza a importância de reconhecer e abordar os fatores externos que contribuem para a akrasia. Assim, mudanças no ambiente, chamadas de dispositivos de comprometimento, podem ser mais eficazes do que tentar aumentar a força de vontade.
Outro aspecto é a conscientização sobre a tendência de supervalorizar recompensas imediatas em detrimento de benefícios futuros, conhecida como “desconto hiperbólico”. Dessa forma, compreender essa tendência pode ajudar a planejar melhor e a resistir a impulsos momentâneos.
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Ou seja, entender por que fazemos coisas que são ruins para nós envolve tanto a filosofia quanto a psicologia. Porém, a boa notícia é que, através do reconhecimento de nossas falhas de julgamento e da implementação de estratégias práticas, podemos trabalhar para alinhar melhor nossas ações com nossos objetivos de longo prazo.
Então, adaptando o ambiente e criando planos específicos, aumentamos nossas chances de superar a akrasia e adotar hábitos mais saudáveis e produtivos. E aí, agora que você já se conhece um pouco mais, que tal começar a adotar novas estratégias para mudar?
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