A tradição à mesa começa em Creta, ilha grega conhecida pela rusticidade de sua cozinha. É lá que nasce o dakos (ou ntakos), um prato simples que combina pão seco, tomates frescos, queijo e temperos, e se transformou em símbolo da culinária local. Ao longo do tempo, ganhou reconhecimento internacional pela leveza e equilíbrio dos sabores, além de seu valor nutricional.
De onde vem a salada grega Dakos?
O dakos tem origem popular e tempero prático. Ele nasce do paximadi, um pão duro, geralmente de cevada, assado duas vezes para durar mais tempo, comum entre pastores, pescadores e viajantes que precisavam de um alimento durável e fácil de transportar. No lugar do luxo, o que havia era engenho: o pão era um elemento sempre à mão, pronto para se tornar algo mais nutritivo com alguns ingredientes simples.
A preparação se baseava em reidratar levemente o paximadi, com água ou diretamente com o suco do tomate, e então acrescentar ingredientes frescos: tomate ralado ou picado, um fio generoso de azeite, queijo (feta ou mizithra), orégãos secos. A apresentação podia incluir azeitonas, alcaparras, até pimenta-do-reino, dependendo da região ou da criatividade da casa. Em muitas tavernas de Creta, isso ainda é servido como meze, um aperitivo que pode ser tão rico que vira refeição leve.
De “comida dos pobres” ao topo das saladas
Apesar de sua origem modesta, o dakos conquistou um novo patamar. Foi eleito, em 2025, a melhor salada do mundo por um guia gastronômico especializado. Além disso, nutricionistas destacam seu perfil equilibrado: um prato rico em fibras, proteínas vegetais e gorduras boas, especialmente se o rusk tiver cevada e o tomate for bem maduro.
Uma porção cobre cerca de 20 % da necessidade diária de fibras e proteínas.Já o tomate, rico em licopeno, vitaminas C e E, entra como fonte de antioxidantes. Isso faz do dakos não só sabor, mas também sustento — ideal para dias quentes, quando se quer algo leve, prático e nutritivo.
Como encontrar paximadi no Brasil?
No Brasil, como o paximadi de cevada (o rusk grego) não é algo que se encontra com facilidade, você pode substituí-lo de algumas formas que mantêm a ideia da base crocante e rústica:
1. Pão integral ou de centeio assado duas vezes
- Corte em fatias, leve ao forno baixo até ficar totalmente seco e crocante.
- Se quiser aproximar mais do sabor original, misture um pouco de farinha de cevada à massa antes de assar (algumas padarias artesanais fazem isso sob encomenda).
2. Torradas espessas sem açúcar
- Escolha torradas mais firmes (não muito finas), esmigalhe e use como base da receita.
- Biscoito salgado de cevada ou integral artesanal
- Algumas lojas de produtos naturais vendem biscoitos salgados integrais ou de cevada, que podem ser triturados e usados no lugar do paximadi.
3. Mistura de pão italiano + farinha integral
- Se não encontrar cevada, misture pão italiano seco com um pouco de farinha integral no processador para ter uma textura e cor parecidas.
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Cheesecake de Dakos, versão adaptada para o Brasil
O prato mantém a essência da receita original, mas com alternativas fáceis de encontrar no Brasil para substituir o paximadi de cevada, típico da Grécia.
Ingredientes para a base
- 60 g de substituto do paximadi de cevada:
- 30 g de biscoito salgado comum sem açúcar
- 50 g de bolacha salgada tipo água e sal
- 2 colheres de sopa de azeite
- 1 colher de sopa de manteiga
- 40 g de amêndoas
Recheio
- 250 g de queijo feta (ou coalho fresco levemente salgado, se não encontrar feta)
- 450 g de queijo fresco tipo ricota seca ou minas frescal bem drenado (substituto para mizithra)
- 200 g de cream cheese temperado com ervas
- 1 ovo
- 2 colheres de sopa de dill picado (no Brasil, chamado endro), pode substituir por folhas de funcho ou mistura de salsa e hortelã
- Sal e pimenta a gosto
Cobertura
- 300 g de tomates-cereja cortados ao meio
- 2 a 3 pimentões doces assados e fatiados
- 6 picles pequenos (gherkin) fatiados
- Azeitonas e alcaparras a gosto
- Cerca de 1¼ xícara de azeite
- Sal, pimenta e orégano seco a gosto
Modo de preparo
- Pré-aqueça o forno a 180 °C.
- Triture no processador o substituto do paximadi, os biscoitos salgados e as amêndoas até formar um farelo grosso.
- Misture com a manteiga e o azeite até obter uma farofa úmida. Forre o fundo de uma forma de aro removível, pressionando bem.
- Asse por 15 minutos e deixe esfriar.
- Bata no processador ou batedeira o feta, o queijo fresco, o cream cheese, o ovo e o dill até formar um creme liso. Tempere com sal e pimenta.
- Espalhe o recheio sobre a base fria e leve ao forno por mais 15 minutos.
- Marine os tomates no azeite com sal e pimenta enquanto o cheesecake assa.
- Decore o cheesecake já frio com os tomates, pimentões, picles, azeitonas, alcaparras e finalize com orégano, azeite e pimenta.
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Dica de adaptação
Para chegar mais perto do sabor do paximadi original, use pão integral caseiro misturado com um pouco de farinha de cevada (vendida em lojas de produtos naturais), asse até secar bem e depois triture.
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