Você sabe qual é a origem do café? Ex-barista gringo te conta

O café é uma das bebidas mais consumidas no mundo, apreciada por milhões de pessoas diariamente. No entanto, a história por trás dessa bebida é tão rica quanto o seu sabor, com raízes que se estendem por séculos e continentes. Desde a Etiópia, passando pela Península Arábica, até chegar às mesas de todo o planeta, o café desempenhou um papel importante em diversas culturas e momentos históricos. Por isso, aqui você descobrirá as origens e curiosidades sobre o café, além de sua popularização no Brasil e no mundo.

Leia mais: Focaccia: conheça a ancestral da pizza e veja como fazer em casa

A origem lendária do café

A história mais conhecida sobre a origem do café remonta às montanhas da Etiópia, onde um pastor de cabras chamado Kaldi notou que suas cabras ficavam energéticas após comerem frutos de um arbusto específico. Intrigado, ele provou as frutas, que se pareciam com cerejas, e logo sentiu um aumento de energia. Kaldi compartilhou sua descoberta com um monge local, que preparou uma bebida com os frutos e ficou maravilhado com os efeitos estimulantes, ajudando-o a ficar acordado durante longas sessões de meditação.

Essa lenda marca o início do uso do café, que mais tarde se espalhou pela Península Arábica e começou a ser cultivado de forma sistemática no Iêmen, ainda no século XV. O café rapidamente se popularizou nas regiões islâmicas, onde ganhou o nome “qahwa”, uma palavra árabe que originalmente se referia ao vinho. A bebida ganhou ainda mais popularidade devido à proibição do álcool pelo Islã, tornando o café a principal alternativa.

Leia mais: 9 coisas comuns no Brasil, mas proibidas em outros países

A expansão do café pelo mundo

Com o crescimento do comércio, o café não demorou a ultrapassar as fronteiras do mundo árabe. A partir do século XVI, a bebida foi levada para a Europa, onde teve uma recepção calorosa. No entanto, a introdução do café na Europa foi controversa, e em Veneza, por exemplo, a bebida foi inicialmente rotulada como uma poção do mal. Essa visão começou a mudar quando o Papa Clemente VIII provou o café e, impressionado com o sabor, declarou que a bebida era digna de ser consumida por cristãos. Esse ato foi fundamental para a aceitação do café no Ocidente.

Outro marco importante na disseminação do café foi o contrabando das sementes pelos holandeses no século XVII. Os árabes, que dominavam o cultivo do café, proibiam a exportação de sementes férteis para manter o monopólio. Contudo, os holandeses conseguiram contrabandear sementes e começaram a cultivá-las em suas colônias na Indonésia, espalhando ainda mais o cultivo.

Leia mais: 5 truques simples para transformar sua varanda pequena em um oásis

A chegada do café ao Brasil

A história do café no Brasil tem um toque de romance e astúcia. Em 1727, Francisco de Mello Palheta, um militar luso-brasileiro, foi enviado à Guiana Francesa com a missão de obter sementes de café para o Brasil. Os franceses, interessados em manter o controle sobre a produção, recusaram a venda das sementes. No entanto, Palheta conquistou a simpatia da esposa do governador, que secretamente lhe entregou algumas mudas de café. Assim, o café chegou no Brasil, e o país rapidamente se tornou o maior produtor mundial da bebida.

Graças ao clima e às vastas extensões de terra fértil, o café prosperou no Brasil, tornando-se uma das principais fontes de receita do país no século XIX. Até hoje, o Brasil é o maior produtor de café do mundo. Não é à toa que é famoso por sua qualidade e variedade.

As variedades de café

Existem duas principais espécies de café cultivadas comercialmente: Coffea arabica e Coffea canephora, mais conhecida como robusta. O café arábica é de maior qualidade, com um sabor mais suave e uma quantidade menor de cafeína. Representa cerca de 70% da produção mundial. Já o robusta é mais resistente a pragas e condições climáticas adversas, sendo mais amargo e com uma concentração maior de cafeína.

Ao longo dos séculos, diversas variações e técnicas de cultivo surgiram, dando origem a cafés com características únicas, dependendo da região de cultivo, altitude e processo de torrefação.

Métodos de preparo

O café evoluiu e deu origem a inúmeros métodos de preparo. Entre os mais populares estão:

Espresso: muito comum na Europa, especialmente na Itália, onde surgiu. O preparo da bebida leva água quente através de grãos finamente moídos sob alta pressão. Dessa forma, o resultado é uma bebida concentrada e com sabor intenso.

Café filtrado: mais comum nos Estados Unidos e no Brasil, onde a água quente passa lentamente pelo pó de café em um filtro, extraindo o sabor de maneira suave.

Café turco ou grego: um dos métodos mais antigos de preparo. Nele, se ferve o café moído diretamente com água e açúcar, resultando em uma bebida espessa e com um sabor forte. Este método é especialmente popular em países como Grécia, Turquia e Armênia. Nesses lugares, se usa um recipiente que recebe o nome de ibrik ou cezve para preparar esse café.

Leia mais: 4 cafeterias e restaurantes incríveis em Paris que tem que conhecer

Curiosidades e o impacto global do café

O café não é somente uma bebida. Ele tem sido o ponto de encontro de ideias e discussões filosóficas e negócios. Cafés foram os locais onde grandes movimentos sociais e políticos começaram, como as casas de café em Londres, conhecidas como “penny universities”, onde pessoas de diferentes classes sociais se encontravam para debater.

Hoje, além de sua importância histórica e cultural, o café é um motor econômico global, movimentando bilhões de dólares anualmente e sustentando economias de diversos países produtores. O mercado de café especial tem crescido significativamente, com consumidores buscando grãos de alta qualidade, cultivados de forma sustentável e com histórias únicas de produção.

Portanto, agora você já sabe que o café vai muito além de apenas uma xícara!