Você já imaginou, algum dia, gastar mais em um morango do que em um jantar completo? Ou, achar um melão pelo preço de US$ 120? Pois, é isso que pode acontecer se encomendar frutas de luxo da Ikigai Fruits. A empresa envia, diretamente de produtores japoneses, as melhores frutas do mundo para a mesa de quem vive nos Estados Unidos.
Mas, o que, exatamente, é a Ikigai Fruits? Trata-se de uma startup japonesa que nasceu em 2023. O termo “Ikigai” significa a razão de ser e, segundo a empresa aponta em seu site, trata-se de algo central para os agricultores. Afinal, preserva métodos de cultivo meticulosos, o que torna suas frutas excepcionais em sabor e aparência.
Isso, a princípio, justificaria seus altos valores. Mas, e aí, quais as frutas de luxo que chegam aos Estados Unidos? E por que são tão caras?
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Quais as frutas de luxo que a Ikigai vende?
A Ikigai basicamente, exporta três tipos de fruta: morangos, melões e tangerinas satsuma. Mas, são todas variedades tipicamente japonesas, logo, sua comercialização varia conforme a temporada. A dos melões, por exemplo, vai de abril a junho.
No caso dos morangos, cuja estação é de dezembro a abril, há diferentes tipos. Então, a pessoa pode escolher de uma caixinha com apenas um deles ou, ainda, uma seleção com três delas. Só para ter uma ideia, os preços variam de US$ 89 a US$ 780. Já para os melões, a unidade sai a US$ 128. Sim, a unidade, ou seja, cada melão.
Mas, por que as frutas são tão caras? Primeiramente, a seleção diretamente dos produtores e envio direto à casa das pessoas que encomendam. Ademais, trata-se de toda uma história de tradição, excelência e a busca incessante pelo sabor perfeito. Mas, o pano de fundo dessa fascinação pelas frutas de luxo está na cultura shokunin japonesa.
De modo geral, é a dedicação à arte de aperfeiçoar um ofício, desde construir móveis até cozinhar o arroz do sushi. Só para ilustrar, os agricultores de melões coroa passam cerca de dois anos apenas treinando suas mãos. Essa preparação tem o objetivo de ensinar as pessoas a massagear as frutas e, assim, praticar a técnica de “uma árvore, uma fruta”.
Como resultado, já houve um par de melões Yubari King por USD 45.000, em 2019. Ou seja, as frutas da Ikigai nem são as primeiras neste setor!
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Por que exportar para os Estados Unidos?
Antes de tudo, vale lembrar que esse apreço pelo plantio consiste em um movimento que vai na contramão da juventude do país. Embora se trate de uma indústria avaliada em USD 60 bilhões em 2020, os jovens parecem virar as costas para a agricultura. Por isso, há uma busca pelo mercado internacional que, aparentemente, parece cada vez mais exigente.
Um esforço que, aparentemente, vem conquistando o terreno (e paladar) estadunidense. Tanto que houve outras iniciativas para venda de produtos exclusivos e, claro, caríssimos. Em Nova Jersey, por exemplo, existe a maior fazenda vertical de morangos do mundo, mais especificamente, os Omakase Berries.
Sensíveis ao sol, ao calor, ao ar seco e às pragas, essas frutas de luxo requerem um ambiente controlado em estufa. Hiroki Kogaco, cofundador da empresa, conseguiu recriar as condições perfeitas. Mas, tudo tem seu preço que, aqui, não é nada barato! O valor da unidade dos morangos passa dos US$ 6 (por unidade).
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Também há frutas de luxo na Coreia do Sul
Embora pareça extravagante comprar uma caixinha de morango por mais de US$ 80, os japoneses não são os únicos a explorarem esse mercado. A Coreia do Sul traz os On Berries, competidor feroz nessa febre dos frutos premium. A empresa estriou na costa leste dos Estados Unidos com a variedade Gold Berry, cuja principal característica é a doçura quase caramelizada. O preço? US$ 80 por duas caixinhas.
Bom, se a onda continuar alta, as frutas de luxo logo devem entrar nas receitas das sobremesas de alta gastronomia das grandes cidades. Mas, neste cenário, surge uma pergunta: até onde estamos dispostos a ir por uma experiência de sabor única?
Pois, se o futuro do luxo está na engenharia genética e técnicas agrícolas aperfeiçoadas, talvez USD 120 por um melão não soem tão absurdos. Ou talvez tenhamos simplesmente perdido a cabeça.
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