Se você é apaixonado por café, provavelmente já se deparou com essa polêmica: afinal, o correto é dizer expresso ou espresso? Essa discussão aparece em cafeterias, em conversas casuais e até em cardápios pelo mundo. Para muitos, pode parecer apenas um detalhe da escrita. Mas, no universo do café, essa escolha carrega história, tradição e até identidade cultural.
Eu sou Konstantinos, barista grego, já trabalhei em Londres e hoje moro no Brasil. Em todos esses lugares encontrei a mesma dúvida. Por isso, quero explicar de onde vem cada termo, como a confusão surgiu e por que ela ainda existe.
O que significa “espresso”?
O termo espresso nasceu na Itália, a partir da expressão caffè espresso, que significa literalmente “café pressionado”. O nome descreve o método de preparo: água quente passando sob alta pressão pelo café moído bem fino. É essa técnica que dá ao espresso seu sabor intenso, seu aroma marcante e a famosa crema dourada que cobre a superfície.
Na Itália, basta pedir um caffè. Todos entendem que se trata de um espresso, já que ele é a base da cultura cafeeira do país. Métodos como cappuccino, latte e macchiato só existem porque primeiro veio o espresso.
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E o termo “expresso”?
A forma expresso surgiu pela influência do inglês. Em países de língua inglesa, muitas pessoas relacionaram a palavra a express (“rápido”), associando ao fato de a bebida ser preparada em menos de 30 segundos pela máquina.
Mas essa ligação com a velocidade não tem nada a ver com a origem italiana. Foi apenas um equívoco linguístico que se espalhou com o tempo. Ainda hoje, em lugares como Brasil e Portugal, a grafia “expresso” continua muito presente, até mesmo em cafeterias especializadas.
Brasil, Grécia e a confusão da língua
No Brasil, é comum encontrar “expresso” em cardápios. Já na Grécia, onde o café também faz parte do cotidiano, prevalece a forma italiana: espresso.
Isso mostra como a língua é dinâmica e se adapta aos costumes locais. Assim como o café grego, forte, servido em xícara pequena, é diferente do café coado brasileiro, as palavras também se moldam conforme a cultura de cada país.
Por que os baristas preferem “espresso”?
Para quem vive do café, como eu, usar a palavra correta tem um valor especial. O termo espresso preserva a herança italiana e reconhece a técnica criada há mais de um século.
No universo dos cafés especiais, a precisão é essencial. Termos como ristretto, lungo ou macchiato não são apenas nomes bonitos: indicam variações específicas de preparo, que transformam totalmente a experiência de sabor. Usar o termo certo facilita a comunicação entre barista e cliente e evita mal-entendidos.
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Afinal, qual é o certo?
Se a ideia é ser fiel à tradição italiana, a forma correta é “espresso”. É assim que a bebida nasceu e é assim que é reconhecida internacionalmente.
Porém, no Brasil, o uso de expresso já se tornou comum, e dificilmente alguém deixará de entender o seu pedido. O mais importante é o momento: degustar a bebida que, independentemente da grafia, continua sendo aquela pausa especial que aproxima pessoas em Atenas, São Paulo ou Roma.
Um café, muitas histórias
Essa discussão vai além da ortografia. O café é cultura, memória e identidade. No Brasil, acompanha o pão de queijo da manhã. Na Grécia, está presente nas longas conversas em cafés de bairro. Na Itália, é tomado de pé, no balcão, em poucos segundos.
Não importa como você chama: espresso ou expresso, o café segue sendo um elo entre países, histórias e tradições. E talvez seja justamente essa mistura cultural que torna uma pequena xícara tão fascinante.
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