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Esta era a arma mais potente e indestrutível da antiguidade

| Em 21/03/2025 às 07:03
Conheça a sarissa, arma da falange macedônica na antiguidade. Foto: Freepik.

O Reino Antigo da Macedônia foi uma das mais importantes potências do mundo, localizado no norte da Grécia, na região da Macedônia. Sua história remonta a períodos bem antigos, com suas origens sendo relacionadas à dinastia dos Argéadas, que governava a região desde o século 8 a.C.

Antes de se tornar um império vasto sob o comando de Alexandre, o Grande, a Macedônia era uma monarquia relativamente pequena, mas com grande potencial militar e político. A sua ascensão ao poder começou no reinado de Filipe II (382 a.C. – 336 a.C.).

Filipe II foi o grande responsável por transformar a Macedônia em uma força militar dominante na Grécia. Ele reorganizou o exército macedônico, criando a famosa falange macedônica

Durante o reinado de Filipe II e de Alexandre, o Grande, o exército macedônico — os falangitas — conseguiu evoluir para uma máquina de guerra invencível, caracterizada pelo seu armamento avançado e pelas táticas que aplicava. Vamos, então, conhecer melhor os segredos da Falaṅge Macedônica que a tornaram invencível.

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A falange macedônica

As principais características da falange, que a distinguiam do corpo de hoplitas de outras cidades gregas, eram sua disposição e o armamento dos seus soldados. Os homens da falange usavam elmo, armadura, grevas, carregavam um escudo redondo e uma espada. No entanto, a sua arma distintiva era uma lança longa, com cerca de 4 a 5 metros de comprimento, a chamada sarissa.

A arma mais avançada da antiguidade

Sarissa, arma da falange macedônica.

Sarissa, a poderosa arma da falange da Macedônia. Foto: Flickr.

A sarissa era uma arma antiga, uma lança de grande comprimento e a principal arma ofensiva da falange macedônica.

Essa arma avançada da Antiguidade era feita de madeira dura de cornell (cornus), uma árvore que existe em grande quantidade nas montanhas da Macedônia Ocidental. O cornus cresce até atingir uma altura significativa, com um tronco reto, o que proporcionava lanças longas, relativamente leves, mas duras e resistentes. A sarissa tinha inicialmente cerca de 4,5 metros de comprimento, mas no século II a.C. chegou a medir 6,5 metros. Além disso, pesava até 8 kg.

As primeiras 5 filas de homens da falange mantinham as sarissas ligeiramente levantadas, com o objetivo de atingir os inimigos ou seus cavalos de frente. As 11 linhas de homens seguintes seguravam as lanças mais altas, formando uma verdadeira “floresta” de sarissas.

Como a sarissa era bem longa, os soldados macedônios tinham vantagem sobre os hoplitas comuns, pois podiam manter os inimigos a uma grande distância e atacá-los sem estarem em perigo com as lanças mais curtas dos adversários.

Outra coisa interessante sobre a sarissa é que ela tinha uma ponta de ferro e uma espécie de garra no extremo oposto. Essa parte servia como contrapeso e também para cravá-la no solo. A falange manuseava a arma com as duas mãos.

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Como os soldados macedônios se formavam?

Sarissa, arma da falange macedônica.

Exército macedônico.

Os soldados geralmente se dispunham em 16 linhas/filas. As 5 primeiras filas mantinham as sarissas estendidas horizontalmente, enquanto as filas posteriores as apoiavam nos ombros dos soldados da frente. Com essa formação, a falange formava um corpo completamente compacto, que permanecia inquebrável frente aos ataques inimigos de qualquer direção, ao mesmo tempo em que podia penetrar nas formações adversárias que não tinham uma disposição similar.

Normalmente, deixavam um pequeno espaço durante a fase de aproximação, pelo qual os soldados levemente armados, como arqueiros, fundeiros e lanceiros, passavam à frente da falange.

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O segredo estratégico da falange macedônica

Durante a fase de aproximação, a falange avançava em uma formação “aberta”, com os homens estando a cerca de um metro de distância uns dos outros.

No entanto, à medida que se aproximava do inimigo e começava a receber os ataques de projéteis adversários, a falange se compactava (com os escudos se sobrepondo, “escudo sobre escudo”), com cada soldado ocupando, aproximadamente, 60 cm dessa “linha” de proteção, que era o diâmetro de seu escudo.

Dessa forma, cada unidade da falange apresentava uma linha de frente de menos de 10 metros.

Aqui estava o segredo do seu sucesso, pois, com uma linha de frente de 10 metros, a falange macedônica colocava em combate 256 soldados, com os primeiros 76 combatendo diretamente e os demais adicionando profundidade à formação, substituindo rapidamente as perdas.

Nenhuma outra formação permitia a concentração de um volume tão grande de homens em um espaço tão limitado.

A excelente formação do exército macedônico

Uma condição essencial para que todo esse sistema de homens e armas funcionasse harmonicamente era o treinamento perfeito dos soldados, o que tornava possível, em um espaço restrito, a precisão, velocidade e coordenação necessárias para a execução sincronizada de movimentos e manobras de combate tão complexas.

Durante seu tempo de serviço, os guerreiros macedônios percorriam mais de 30.000 quilômetros em regiões com terrenos e climas diferentes, participando de algumas das batalhas mais épicas da história.

Por fim, essa falange macedônica, como formação, teve um impacto decisivo na história militar mundial, influenciando o pensamento de grandes estrategistas até o século XVIII.

E aí, você já conhecia a sua história?

  • Konstantinos P.

    Grego, morou na Grécia por quase toda a sua vida e em Londres por 3 anos. Trabalhou como Bar Manager, Bartender e Barista em Londres e na Grécia. Além de ter trabalhado nas melhores cozinhas e bares de Londres e da Grécia. Participou de renomados cursos na área e compartilhou o seu conhecimento com seus alunos pela Europa. Por ser apaixonado pelo seu país, encontrou por meio da escrita uma forma de compartilhar com os brasileiros o seu conhecimento sobre viagens, história, cultura, mitologia grega e culinária geral, trazendo o melhor da Grécia para vocês.

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