Na noite entre os dias 7 e 8 de setembro, dependendo do fuso horário, ocorrerá um eclipse lunar total que poderá ser observado por milhões de pessoas ao redor do mundo. O fenômeno, que terá duração de pouco mais de três horas, será marcado pela aparição da chamada “Lua de Sangue”, nome popular dado à coloração avermelhada que a Lua adquire durante esse tipo de eclipse. A expectativa é que cerca de 60% da população mundial consiga acompanhar o evento em sua totalidade, desde que as condições climáticas estejam favoráveis.
O eclipse será visível principalmente na Ásia, no leste da África e no oeste da Austrália. Nessas regiões, será possível observar todas as fases do eclipse, incluindo a penumbral, quando a Lua começa a escurecer de forma sutil. Já em partes da Europa, no restante da África e em outras áreas da Austrália, os observadores poderão ver ao menos uma parte do eclipse, seja a fase parcial ou a total.
No Brasil, a visibilidade será limitada, especialmente porque o evento ocorrerá durante o dia em grande parte do território nacional. Ainda assim, moradores do nordeste brasileiro poderão notar discretamente a fase penumbral, caso o céu esteja limpo. Para quem deseja acompanhar o fenômeno em tempo real, há transmissões ao vivo previstas em plataformas digitais, com imagens de localidades como Santa Rosa e Charlotte, nos Estados Unidos.
O que é a Lua de Sangue?
A Lua de Sangue ocorre exclusivamente durante eclipses lunares totais. Esse tipo de eclipse acontece quando a Terra se posiciona entre o Sol e a Lua, projetando sua sombra sobre o satélite natural. A coloração avermelhada surge devido à forma como a luz solar interage com a atmosfera terrestre. Ao atravessar essa camada de gases, a luz é filtrada e desviada, fazendo com que apenas os tons mais quentes, como o vermelho e o laranja, atinjam a superfície lunar. Esse mesmo princípio explica o tom alaranjado do céu durante o pôr do sol.
É importante destacar que eclipses lunares só ocorrem durante a fase de Lua cheia. Isso se deve ao alinhamento necessário entre os três corpos celestes: Sol, Terra e Lua. Esse alinhamento precisa acontecer em um ponto específico da órbita lunar chamado “nodo”. Como a órbita da Lua é inclinada em relação à da Terra, os eclipses não são eventos mensais. Eles dependem de uma coincidência precisa de posicionamento, conhecida na astronomia como “sizígia”.
Existem três tipos principais de eclipses lunares: o total, o parcial e o penumbral. No eclipse total, a Lua é completamente encoberta pela sombra da Terra. No parcial, apenas uma parte da Lua entra na sombra, enquanto no penumbral, a sombra não é suficientemente escura para apagar o brilho lunar, resultando em uma aparência acinzentada.
Este será o terceiro eclipse de 2025. O primeiro ocorreu em março e foi visível principalmente nas Américas. O próximo está previsto para o dia 21 de setembro, mas será solar e não poderá ser observado do Brasil. Ele será parcial e visível apenas em regiões como o sul da Austrália, partes dos oceanos Pacífico e Atlântico e na Antártida.
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Não é de hoje que o eclipse nos impressiona
A observação de eclipses, tanto lunares quanto solares, é uma prática antiga que atravessa culturas e fronteiras. Na Grécia Antiga, eclipses eram interpretados como sinais dos deuses, enquanto no Brasil, povos indígenas atribuíam significados espirituais ao escurecimento da Lua. Hoje, com o avanço da ciência, esses eventos são compreendidos com precisão e acompanhados por astrônomos e entusiastas em todo o mundo.
Para quem deseja acompanhar o eclipse com mais detalhes, o site TimeandDate.com oferece previsões específicas para cada cidade, incluindo horários exatos de início, auge e término do fenômeno. A programação internacional indica que a fase penumbral começará às 03h57 UTC, com a parcial iniciando às 05h09. A totalidade ocorrerá às 06h26 e terminará às 07h31. A fase parcial se encerrará às 08h47, e a penumbral às 10h00.
Embora o Brasil não esteja entre os países com melhor visibilidade neste evento, a conexão com o fenômeno pode ser feita por meio da observação remota e da valorização do conhecimento astronômico. A Grécia, por sua vez, poderá ter uma visão parcial do eclipse, dependendo das condições locais. Essa ponte entre os dois países, Brasil e Grécia, reforça o interesse global por eventos celestes e a importância de compartilhar informações acessíveis e precisas.
A Lua de Sangue é um exemplo claro de como a ciência pode explicar fenômenos que, por séculos, foram envoltos em mistério. Compreender o que está por trás da coloração avermelhada da Lua durante um eclipse é mais do que uma curiosidade: é uma forma de se conectar com o universo e com a história da observação astronômica.
Para quem estiver em regiões com visibilidade, vale a pena se preparar com antecedência. Verificar o horário local, escolher um local com boa visão do céu e, se possível, utilizar binóculos ou telescópios simples pode tornar a experiência mais rica. E mesmo para quem não poderá ver o fenômeno diretamente, acompanhar transmissões ao vivo e entender o que está acontecendo acima de nossas cabeças já é uma forma de participar.
O eclipse lunar total deste fim de semana é mais uma oportunidade de observar a dinâmica entre os corpos celestes e de se aproximar do conhecimento astronômico de forma simples e acessível. Seja no Brasil, na Grécia ou em qualquer outro lugar, o céu continua sendo um ponto de encontro entre ciência, cultura e curiosidade.
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