Quando pensamos em metais valiosos, logo vêm à mente nomes como ouro, prata e platina. No entanto, existe um elemento químico ainda mais raro e caro do que todos eles, e que talvez esteja mais próximo do que se imagina: dentro da garagem, instalado no carro de muitas pessoas. Estamos falando do ródio, um metal discreto, de cor branco-prateada, cuja importância econômica e industrial cresceu de maneira impressionante nas últimas décadas.
O que é esse metal valioso e onde ele está?
O ródio pertence ao grupo da platina, mas não possui minas próprias. Ele é obtido como subproduto do refino de outros metais, como platina, paládio e níquel. Isso significa que sua extração não pode ser simplesmente aumentada de acordo com a demanda, o que contribui para torná-lo ainda mais raro.
Na prática, a maior parte da produção mundial de ródio está concentrada em dois países: África do Sul, responsável por cerca de 85% da oferta, e Rússia, que também tem papel relevante. A dependência de apenas algumas regiões e as tensões políticas e econômicas nesses locais influenciam diretamente o preço e a disponibilidade do metal.
Sua ocorrência na crosta terrestre é mínima: apenas 0,000037 partes por milhão, o que ajuda a explicar por que ele alcança valores tão altos.
Enquanto o ouro é tradicionalmente considerado um dos metais mais preciosos do mundo, o ródio o ultrapassa com folga. Em julho de 2025, por exemplo, o preço médio do ródio chegou a US$ 163 por grama, o equivalente a mais de R$ 800. Esse valor pode variar bastante, dependendo da oferta e da procura, e já houve momentos em que quintuplicou. Para comparar, o ouro costuma girar em torno de US$ 100 por grama, aproximadamente R$ 600.
Essas flutuações tornam o ródio um ativo difícil de prever, mas extremamente valorizado pela indústria, que depende dele para aplicações estratégicas.
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Por que ele está dentro do seu carro?
A principal utilização do ródio está nos catalisadores automotivos, peças instaladas nos escapamentos dos carros. O objetivo desses dispositivos é reduzir a emissão de gases poluentes, como monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio e hidrocarbonetos. O ródio, graças à sua resistência à corrosão e à sua eficiência como catalisador, é indispensável nesse processo.
Ou seja, quem tem um carro com conversor catalítico possui, sem perceber, pequenas quantidades do metal mais caro do mundo. Embora não seja viável remover ou comercializar esse material de forma doméstica, o simples fato de ele estar presente no dia a dia mostra o quanto está inserido em áreas que parecem comuns, mas que exigem tecnologia avançada.
Outras aplicações desse metal valioso
Esse metal valioso também tem outras aplicabilidades. Foto: Freepik.
Apesar de o setor automotivo ser o maior consumidor, o ródio também aparece em outros campos. Ele é usado em joalheria, muitas vezes como revestimento de peças de ouro branco, para garantir brilho e resistência à oxidação. Também está presente em equipamentos de laboratório, contatos elétricos de alta performance e em alguns tipos de espelhos e refletores, já que reflete a luz de forma excepcional.
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Uma descoberta ligada à Grécia
O ródio foi identificado em 1803 pelo químico inglês William Hyde Wollaston, o mesmo responsável pela descoberta do paládio. Ele conseguiu isolá-lo a partir de uma fração de platina extraída na América do Sul.
O nome dado ao elemento, porém, tem ligação direta com a cultura grega: vem da palavra “rhodon”, que significa rosa. Isso porque alguns sais derivados do ródio apresentam coloração avermelhada, lembrando a tonalidade da flor. Esse detalhe aproxima a história científica do metal à tradição helênica, estabelecendo uma curiosa ponte entre o mundo da química e a herança cultural da Grécia.
Assim como outros elementos da tabela periódica, o ródio carrega em seu nome uma parte da história do conhecimento humano, e nesse caso, com raízes no idioma grego, fundamental para a ciência.
Impactos econômicos e ambientais
A dependência do ródio para reduzir a poluição veicular o torna essencial para políticas ambientais em todo o mundo. A busca por ar mais limpo faz com que a demanda continue alta, mesmo diante das dificuldades de extração. Ao mesmo tempo, como o metal é um subproduto de outros minérios, não há como simplesmente aumentar sua produção em resposta ao mercado.
Essa equação entre oferta limitada e procura elevada ajuda a manter o ródio entre os metais mais caros do planeta.
Diferente do ouro e da prata, que aparecem em joias e investimentos, o ródio é quase invisível no cotidiano. Não está exposto em vitrines, nem guardado em cofres, mas dentro de peças técnicas e industriais. Sua importância, no entanto, é gigantesca, seja para reduzir a poluição urbana, seja para movimentar um mercado global bilionário. Entre a tradição do ouro e a raridade dos diamantes, o ródio ocupa um lugar singular: valioso, indispensável e, ao mesmo tempo, quase invisível.
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