O feijão da feijoada, comumente conhecido como feijão preto, é um dos ingredientes essenciais para uma das mais simbólicas e tradicionais iguarias da culinária brasileira, obviamente, a feijoada. Mas, diferente de outros tipos de feijões consumidos no Brasil, o feijão preto possui características botânicas, culinárias e culturais que o tornam especial. Além disso, fica uma pergunta no ar, você sabe onde surgiu o feijão da feijoada?
O que o feijão da feijoada tem de especial?
O feijão preto pertence à espécie Phaseolus vulgaris. Além disso, se distingue pela sua cor negra brilhante, textura suave e formato elíptico. Comparado a outros feijões, como o feijão carioca – amplamente utilizado em pratos cotidianos – o feijão preto destaca-se pela sua densidade e resistência ao cozimento prolongado, necessário para a preparação da feijoada. Seu sabor é particularmente rico e terroso, conferindo uma profundidade única ao prato.
O seu cultivo ocorre em diversas regiões do Brasil, com destaque para estados como Minas Gerais e Rio de Janeiro. Enquanto isso, na culinária, o feijão preto é fundamental na composição da feijoada, um prato que, curiosamente, é uma fusão de influências indígenas, africanas e portuguesas. O prato clássico é composto por feijão preto cozido lentamente com uma variedade de cortes de carne suína, linguiças e temperos, resultando em um sabor típico do Brasil.
Outros tipos de feijões, como o feijão de corda ou feijão branco, são populares em outras receitas regionais, mas nenhum alcança a mesma fama e simbolismo cultural que o feijão preto possui na feijoada.
Leia mais: Truques caseiros para amadurecer peras rapidamente
Os principais tipos de feijão e seus benefícios
O feijão é uma das principais leguminosas consumidas no Brasil e em diversas partes do mundo, sendo um componente fundamental em pratos como a feijoada. Existem vários tipos de feijão, cada um com características nutricionais distintas que trazem múltiplos benefícios à saúde.
1. Feijão Preto
O feijão preto é famoso pelo seu sabor encorpado. Ele é uma excelente fonte de proteínas e fibras, além de conter folato, magnésio e ferro. Além disso, a presença de antioxidantes como as antocianinas contribui para a saúde cardiovascular, auxiliando na prevenção de doenças do coração.
2. Feijão Carioca
Com uma cor bege e listras marrons, o feijão carioca é um dos feijões mais consumidos no Brasil. Rico em fibras, ele ajuda na regulação do sistema digestivo, prevenindo constipações e promovendo uma sensação de saciedade prolongada. Além disso, é também uma boa fonte de minerais, como ferro e potássio, e vitaminas do complexo B, que são essenciais para o funcionamento adequado do sistema nervoso.
3. Feijão Branco
Enquanto isso, o feijão branco é famoso por seu gosto suave e textura leve. Ele oferece altos níveis de proteínas e carboidratos complexos, que fornecem energia sustentada. Assim, com quantidades significativas de zinco e potássio, também contribui para a saúde óssea e muscular. Além disso, os compostos presentes neste feijão, como a faseolamina, podem ajudar a regular os níveis de açúcar no sangue, sendo benéficos para quem busca controlar a glicemia.
Leia mais: 2 sorvetes brasileiros entre os melhores do mundo: veja quais são
Outros tipos de feijão
Além dos tipos já mencionados, outros feijões como o feijão vermelho, feijão fradinho e feijão azuki também oferecem uma rica seleção de nutrientes. O feijão vermelho é famoso pelo seu alto teor de antioxidantes, que ajudam a combater os radicais livres. O feijão fradinho, popular no nordeste do Brasil, é uma boa fonte de ferro e vitamina A. Já o feijão azuki ganhou fama pelo seu sabor adocicado e propriedades desintoxicantes.
Incorporar diferentes tipos de feijão na dieta diária pode contribuir significativamente para uma alimentação equilibrada e saudável. Com seus variados perfis nutricionais, cada tipo de feijão adiciona uma série de benefícios que suportam a manutenção da saúde em geral.
Leia mais: Como era feito o pão na Grécia Antiga? Padarias recriam a técnica
Quais estados do Brasil produzem o feijão da feijoada?
Os principais estados produtores do feijão-preto, utilizado na feijoada, estão concentrados na Região Sul do Brasil. O Paraná é o maior produtor, responsável por 76% da produção nacional, com uma safra estimada em 540 mil toneladas em 2024. Enquanto isso, Santa Catarina e Rio Grande do Sul completam o top 3, contribuindo significativamente para a produção nacional. Outros estados que também cultivam o feijão-preto, embora em menor escala, incluem Pernambuco, Minas Gerais, Distrito Federal, Paraíba e Rio de Janeiro.
Mas, de onde veio o feijão da feijoada?
Por fim, agora vamos ao que interessa. A história do feijão utilizado na feijoada remonta aos tempos coloniais no Brasil, um período marcado por profundas transformações sociais, econômicas e culturais.
Sua introdução ocorreu pelos escravos africanos, que trouxeram consigo métodos de cultivo e receitas de seus países de origem. Este tipo específico de feijão, que se adaptou favoravelmente ao clima e ao solo brasileiros, rapidamente se tornou uma parte vital da dieta das populações locais.
Lembrando que, nos séculos XVII e XVIII, a sociedade brasileira era composta principalmente por indígenas, colonizadores europeus e africanos escravizados. Assim, as influências culturais desses grupos se entrelaçaram, resultando em uma migração de costumes e tradições culinárias. O uso do feijão preto na feijoada apenas refletiu essa convergência cultural, surgindo como um prato que simboliza a fusão de diversas heranças culturais.
Vale ressaltar que, historicamente, a feijoada era considerada um prato popular entre os escravizados, que usavam partes menos nobres do porco, combinadas com feijão e vegetais, para criar uma refeição nutritiva e substancial. Então, com o tempo, à medida que o prato se popularizou, todas as classes sociais passaram a apreciá-la, especialmente no século XIX. Depois, com a abolição da escravatura e a subsequente urbanização, a receita da feijoada passou por algumas adaptações e ganhou novas versões e ingredientes, mas o feijão preto, esse, meu amigo, é insubstituível!
0 comentários