Quem gosta de observar o céu pode notar um “desfalque” curioso nas próximas semanas. O planeta Mercúrio, o menor e mais próximo do Sol, vai desaparecer temporariamente da vista dos moradores da Terra. Mas não se trata de ficção científica ou de um problema grave no Sistema Solar. O fenômeno tem explicação astronômica e está dentro do esperado pelos cientistas.
Por que Mercúrio some?
Segundo a NASA e astrônomos de diversos institutos, Mercúrio ficou invisível desde o dia 13 de setembro de 2025 por conta de um evento chamado conjunção solar superior. Isso significa que o planeta fica perfeitamente alinhado com o Sol, mas do outro lado em relação à Terra. Durante esse período, o brilho solar ofusca completamente Mercúrio, impedindo qualquer visualização do planeta, seja a olho nu ou com telescópios.
O fenômeno é comum e ocorre em ciclos. A cada 116 dias, Mercúrio completa o chamado ciclo sinódico, que é o tempo que leva para retornar à mesma posição relativa entre a Terra e o Sol. A cada vez que isso acontece, ocorre uma conjunção. Nesta ocasião, ele estará a apenas 1 grau e 36 minutos de distância angular do Sol, ou seja, praticamente encoberto pelo brilho solar.
O fenômeno chamou a atenção da imprensa e gerou manchetes chamativas sobre um “planeta desaparecido”, mas a NASA e especialistas foram rápidos em explicar que não há motivo para alarde. A agência espacial norte-americana, junto a astrônomos brasileiros, reforçou que o desaparecimento de Mercúrio é temporário e perfeitamente natural.
Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia, explicou que a ausência do planeta no céu é parte do seu movimento orbital. Após esse período de invisibilidade, Mercúrio voltará a surgir no horizonte leste, durante o nascer do sol, no final de outubro.
Leia mais: 4 plantas que ajudam a afastar moscas da cozinha sem produtos químicos
Outro fator que contribui para o sumiço temporário é o chamado apogeu. Esse é o ponto da órbita em que Mercúrio está mais distante da Terra. No auge desse afastamento, o planeta ficará a cerca de 206 milhões de quilômetros de nós, ou o equivalente a aproximadamente 1,38 unidades astronômicas. Quanto mais longe, menor sua visibilidade.
Esse detalhe ajuda a entender por que, mesmo com tecnologias modernas, não conseguimos observá-lo nesse período. Além da distância, a proximidade com o Sol torna sua detecção arriscada para a visão humana e para os instrumentos ópticos.
Quando Mercúrio volta a aparecer?
O fenômeno não é permanente e Mercúrio já tem data para aparecer novamente. Foto: Freepik.
Se você ficou curioso para ver Mercúrio novamente, a boa notícia é que não precisa esperar muito. Conforme o planeta avança em sua órbita, ele deixará de estar “atrás” do Sol e surgirá novamente no céu do amanhecer. Astrônomos estimam que, no final de outubro, ele será visível no horizonte leste, pouco antes do nascer do sol.
Esse tipo de reaparição acontece aos poucos. Primeiro, ele se mostra timidamente ao amanhecer, e nas semanas seguintes, ganha mais destaque. É um bom momento para quem gosta de observar o céu ou registrar imagens astronômicas, desde que os cuidados com a visão e o uso de equipamentos adequados sejam seguidos.
Eventos astronômicos como esse também ajudam a reforçar um elo entre culturas e tradições. No Brasil, a astronomia tem ganhado cada vez mais espaço, com iniciativas populares e científicas que tornam o tema acessível ao público geral. Já na Grécia, o céu sempre foi parte do imaginário coletivo, tanto que os próprios planetas receberam nomes da mitologia grega e romana.
Mercúrio, por exemplo, carrega o nome do deus mensageiro romano (equivalente ao grego Hermes), conhecido por sua velocidade, uma referência direta ao rápido movimento orbital do planeta em torno do Sol. Esse simbolismo mostra como ciência e cultura caminham juntas há milênios.
Leia mais: 2026 terá muitos feriados prolongados; veja as datas e se programe
Aliás, não é raro ver turistas em ilhas gregas como Santorini ou Naxos buscando pontos altos para observar o céu estrelado, livres da poluição luminosa das cidades grandes. No Brasil, locais como o cerrado goiano, a Chapada Diamantina e até o sertão nordestino também se destacam pela visibilidade das estrelas e agora, pela ausência temporária de Mercúrio.
Muito além de um susto causado por manchetes, o “sumiço” de Mercúrio é um exemplo de como a astronomia explica com precisão os ciclos do cosmos. É também um lembrete de que nem tudo o que parece “desaparecer” está perdido, às vezes, é só uma fase passageira, guiada pelas leis naturais que regem o universo.
Aos olhos do público, esses fenômenos são convites para olhar para cima com mais curiosidade, seja no Brasil, na Grécia ou em qualquer canto do planeta. Afinal, entender o céu também é uma forma de entender nosso lugar no mundo.
0 comentários