A ilha de Tinos, localizada nas Cíclades, na Grécia, é um destino que une fé, história e cultura. Diferente de outras ilhas gregas mais conhecidas pelo turismo de luxo, Tinos preserva uma atmosfera autêntica, com vilarejos tradicionais, festas religiosas e paisagens que misturam mar, montanhas e monumentos históricos.
Mais do que um destino de férias, a ilha é reconhecida como um dos principais centros de peregrinação da Grécia. Essa característica faz de Tinos um lugar que, de certa forma, dialoga com experiências brasileiras, como a de Trindade, em Goiás, onde a fé também move multidões em celebrações anuais.
A espiritualidade que atrai peregrinos
O coração espiritual de Tinos está em sua capital, conhecida como Chora, onde fica a Igreja da Panagia Evangelistria. Construída no século XIX após a descoberta de um ícone da Virgem Maria, o local se tornou símbolo de devoção. Acredita-se que a imagem seja responsável por inúmeros milagres, o que faz com que milhares de fiéis visitem a ilha anualmente, especialmente em agosto, durante a celebração da Dormição da Virgem Maria.
Durante a festa, que coincide com o feriado religioso mais importante do país, Tinos recebe peregrinos de toda a Grécia e até do exterior. Muitos chegam à igreja subindo de joelhos pela rua principal, em um gesto de sacrifício e agradecimento.
Esse cenário guarda semelhanças com a Festa do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO), considerada uma das maiores celebrações religiosas do Brasil. Lá, milhões de romeiros percorrem longos trajetos, muitos a pé ou a cavalo, em demonstrações de fé e gratidão. Tanto em Tinos quanto em Trindade, a espiritualidade ultrapassa fronteiras e transforma cidades em polos de devoção.
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Vilarejos que preservam a vida grega
Embora a religiosidade seja o ponto mais famoso da ilha, Tinos também é conhecida por seus vilarejos. Cada um deles oferece uma visão particular da cultura grega.
Pyrgos: pequeno e tradicional, é famoso por sua arquitetura típica das Cíclades, com casas brancas, portas coloridas e ruas estreitas. Ali também está o Museu das Artes do Mármore, que mostra a importância desse material para a história local. Tinos é berço de escultores renomados, como Giannoulis Halepas, e até hoje o mármore é parte da identidade da ilha.
Fatalados: um dos povoados mais antigos, datado do século XV, conserva antigos lagares e destilarias de raki. Em setembro, celebra-se a temporada de produção dessa bebida típica, reunindo moradores e visitantes em festas que misturam música, dança e gastronomia.
Loutra: apesar de contar com pouco mais de 30 habitantes, abriga importantes mosteiros fundados por jesuítas e ursulinas nos séculos XIX e XX. Um dos edifícios ainda mantém um museu de folclore aberto ao público.
Kardiani: situado em uma área verde e montanhosa, parece uma pintura natural. Suas casas brancas se espalham pelas encostas, oferecendo vistas amplas para o Mar Egeu.
Esses vilarejos fazem parte do charme de Tinos e revelam um lado menos turístico da Grécia, onde a vida comunitária e a tradição seguem vivas.
Praias e natureza
Quem visita Tinos também encontra belas paisagens litorâneas. A praia de Rohari, próxima a Pyrgos, combina infraestrutura de bar de praia com áreas de sombra natural, onde é possível descansar sob as árvores. Já no interior da ilha, o Monte Xomburgo guarda ruínas da antiga capital de Tinos. Do topo, as vistas panorâmicas do mar e das montanhas completam a experiência.
Essa variedade de cenários mostra que Tinos vai além da dimensão espiritual: é também um convite para quem busca tranquilidade, história e natureza em um só lugar.
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Tinos e Trindade, uma semelhança peculiar
A comparação entre Tinos e Trindade ajuda a entender como diferentes culturas expressam sua religiosidade de maneiras semelhantes. Na Grécia, a devoção à Virgem Maria mobiliza peregrinações anuais que transformam a pequena ilha em centro de fé. No Brasil, a devoção ao Divino Pai Eterno faz de Trindade um dos maiores destinos religiosos da América Latina.
Em ambos os lugares, a celebração vai além da religião. Ela envolve economia, cultura, culinária e tradição. Em Tinos, as festas religiosas se misturam a festivais de música e à produção artesanal de vinho e raki. Em Trindade, a cavalgada dos fiéis e as barracas de comidas típicas fazem parte do mesmo ambiente de devoção.
Essas semelhanças mostram como fé e identidade cultural caminham juntas, seja nas ruas de uma ilha grega, seja nas estradas de Goiás.
Tinos continua sendo menos visitada do que outras ilhas das Cíclades, como Mykonos ou Santorini. Essa característica contribui para que conserve um ritmo mais tranquilo, com tradições locais preservadas e uma recepção calorosa aos visitantes.
Para brasileiros que desejam conhecer a Grécia além dos destinos turísticos mais famosos, essa ilha pode ser uma boa surpresa. E, para aqueles que já viveram a experiência das romarias em Trindade, visitar a ilha pode ser uma oportunidade de perceber como diferentes povos se aproximam quando se trata de fé e celebração.
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