O vinho de talha, herança do tempo dos romanos, vem reconquistando seu espaço nas vinícolas do sul de Portugal, em particular no Alentejo.
Com um método de produção singular e uma história profunda, este vinho tem se tornado cada vez mais apreciado, tanto por locais quanto por entusiastas de todo o mundo.
O renascer de uma técnica milenar
Ao percorrer as paisagens do Alentejo, os tradicionais sobreiros e os campos verdes marcantes tornam-se rapidamente visíveis.
No entanto, uma característica que tem retomado sua presença é o vinho de talha. Esta arte vinícola, que data da época das conquistas romanas na Península Ibérica, está vivendo um renascimento nas vinícolas contemporâneas.
Historicamente, o vinho de talha era comum nos lares alentejanos, consumido diretamente das ânforas e transferido para garrafões. Com o passar dos anos, a técnica foi se adaptando e hoje encontra espaço nas mesas dos mais renomados restaurantes da Europa e Estados Unidos.
Vinícolas reconhecidas, como a Cartuxa, estão resgatando talhas do século 19 para produzir este vinho, mantendo vivas as raízes da região.
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A essência do vinho de talha
Para ser considerado vinho de talha, a bebida precisa ser fermentada e armazenada em grandes potes de barro, seguindo rigorosas regras da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA).
Estas regras estipulam, por exemplo, que o vinho permaneça em contato com as cascas das uvas na talha até, pelo menos, o Dia de São Martinho, em 11 de novembro.
O vinho de talha possui uma textura e sabor únicos. Devido à porosidade da talha, o vinho sofre uma oxigenação, conferindo-lhe um caráter mais selvagem e rústico. Os brancos podem ter aromas semelhantes ao da avelã, enquanto os tintos são frequentemente associados a especiarias.
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Elaboração e armazenamento
Após a colheita, há o processamento das uvas e então a introduzem nas talhas. A fermentação ocorre naturalmente e pode durar até duas semanas.
A fermentação resulta em uma separação entre o líquido e os sólidos das uvas. Estes sedimentos formam uma barreira natural que filtra o vinho, proporcionando um sabor autêntico e intenso.
Ao visitar vinícolas no Alentejo, é difícil não notar as impressionantes talhas. Algumas, datando do século XIX, são verdadeiras relíquias que contam a história da vinificação na região. Mesmo sendo raras atualmente, representam um valioso legado, com algumas chegando a valer milhares de euros.
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