Você já ouviu falar do termo “necrópole”? Então, talvez tenha imaginado um antigo cemitério abandonado. Mas as necrópoles eram muito mais do que simples locais de sepultamento. Na Grécia Antiga, no Egito e em outras civilizações antigas, essas “cidades dos mortos” guardavam segredos sobre a cultura, religião e organização social de povos que viveram há milhares de anos.
O que era uma Necrópole?
A palavra “necrópole” vem do grego “nekropolis”, que significa literalmente “cidade dos mortos”. Elas eram grandes áreas reservadas ao sepultamento, geralmente localizadas fora das cidades para separar simbolicamente os vivos dos mortos. Diferente dos cemitérios modernos, que costumam ter um formato mais padronizado, as necrópoles eram compostas por tumbas monumentais, templos funerários e estruturas dedicadas a rituais de passagem para a vida após a morte.
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Como surgiram as Necrópoles?
Desde os primórdios da humanidade, os mortos eram enterrados com objetos pessoais, indicando a crença em uma vida após a morte. No Egito Antigo, as necrópoles se tornaram extremamente elaboradas, com pirâmides e tumbas cheias de tesouros e hieróglifos. Mas a Grécia Antiga também teve suas próprias tradições funerárias, ligadas à mitologia e às crenças sobre o submundo.
As Necrópoles na Grécia Antiga
Imagens do que restou de algumas Necrópoles nos dão uma ideia mais real do que representaram no passado. Foto: Flickr.
Na Grécia, as necrópoles eram construídas fora dos limites das cidades e ficavam às margens das estradas principais. O motivo era tanto higiênico quanto religioso. Os gregos acreditavam que os mortos deveriam descansar longe dos vivos, mas também queriam manter suas memórias vivas.
Os tipos de sepultamento variavam conforme o status social. Pessoas comuns eram enterradas em covas simples, enquanto os mais ricos tinham tumbas elaboradas, como os túmulos de câmara. As estelas funerárias (lápides esculpidas) eram comuns e traziam imagens dos falecidos, muitas vezes acompanhados de familiares.
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A relação com a Mitologia Grega
A mitologia grega é cheia de histórias sobre a morte e o mundo dos mortos. Hades, o deus do submundo, governava um reino sombrio onde todas as almas iam após a morte. Esse reino era dividido em diferentes regiões: os Campos Elísios, onde repousavam as almas virtuosas; o Tártaro, onde eram punidos os condenados; e os Prados Asfódelos, onde ficavam as almas comuns.
Hades era o deus grego do submundo. Foto: Freepik.
Para chegar lá, o espírito do falecido precisava atravessar o rio Estige em um barco conduzido por Caronte, o barqueiro sombrio. Os gregos colocavam uma moeda, chamada óbolo, na boca dos mortos para pagar essa travessia. Sem o pagamento, a alma ficava vagando sem descanso pelas margens do rio, um destino temido por todos.
Outro rio importante no submundo era o Lete, cujas águas faziam os mortos esquecerem suas vidas passadas antes de reencarnar. Já o rio Cocito era associado ao lamento eterno das almas condenadas. Essas crenças influenciavam a forma como os gregos encaravam a morte e a importância dos rituais funerários.
Além disso, muitas necrópoles gregas guardavam ligações com figuras mitológicas e heróis lendários. Em Atenas, por exemplo, havia túmulos atribuídos a Cécrops, o rei-serpente que, segundo a lenda, fundou a cidade. Outro herói famoso era Teseu, que teria derrotado o Minotauro e cujos restos foram, supostamente, trazidos para Atenas por ordem de Cimão, um general ateniense. Os gregos acreditavam que esses túmulos eram locais sagrados, protegendo a cidade e reforçando a conexão entre o passado mítico e a realidade.
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Coisas que você deveria saber sobre as Necrópoles
A necrópole de Kerameikos, em Atenas, é uma das mais famosas da Grécia Antiga. Era o principal cemitério da cidade e continha monumentos impressionantes.
Muitas tumbas gregas tinham oferendas como vinho, azeite e mel, elementos essenciais na cultura helênica.
Em algumas regiões da Grécia, os mortos eram enterrados com espadas e armaduras, como forma de prepará-los para a vida após a morte.
Os etruscos, civilização vizinha da Grécia, também construíram necrópoles sofisticadas, com pinturas que mostravam festins e danças, sugerindo uma visão mais alegre da morte.
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O que restou das Necrópoles antigas?
Hoje, muitas necrópoles gregas continuam sendo exploradas por arqueólogos. Elas fornecem pistas sobre a vida cotidiana, a religião e os costumes de povos antigos. Algumas são atrações turísticas, permitindo que visitantes vejam de perto esses locais sagrados.
Apesar de os tempos terem mudado, as necrópoles continuam nos lembrando de uma verdade universal: a morte sempre foi, e sempre será, parte essencial da vida.
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