O que significavam as tatuagens na Grécia antiga? Um grego conta

O que significavam as tatuagens na Grécia antiga? Um grego conta
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Muitos povos antigos consideravam as tatuagens como símbolos sagrados de coragem e força. No entanto, na Grécia Antiga, apenas prisioneiros, criminosos e desertores se submetiam à prática da tatuagem como um método para identificação pública e humilhação.

Segundo Heródoto, os gregos aprenderam a técnica com os persas, que a utilizavam como método de punição no século VI a.C.

Um exemplo de como os antigos gregos consideravam as tatuagens uma vergonha é uma inscrição funerária dedicada a um homem chamado Polis de Megara, em 480 a.C.

A inscrição afirmava que “Polis, amado filho de Asopichus, não morreu covarde, mas perdeu sua vida nas mãos dos inimigos, sem receber uma tatuagem”. Isso mostra que para ele foi melhor morrer do que permitir os inimigos fazem uma tatuagem no corpo dele.

Os persas puniam os gregos com tatuagens

Em 480 a.C., Heródoto relatou que alguns gregos “medizaram” e se aliaram aos persas (medos). Os tebanos, liderados por Leontiades, ao perceberem que os persas tinham a vantagem, se voltaram para o inimigo e se submeteram.

Embora os tebanos se rendessem, os persas acreditavam que quem traía seu próprio país poderia fazê-lo novamente. Então, alguns foram mortos. Leontiades foi o primeiro a ser submetido ao procedimento.

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A “remoção” de tatuagens na Grécia Antiga

Em uma inscrição em Epidauro, em homenagem ao deus da medicina, Asclépio, há uma história sobre dois homens, Pantaros e Echedoros. Pantaros da Tessália viajou para a área para remover sua tatuagem.

Lá, ele teve uma visão do deus Asclépio, que amarrou sua cabeça com uma bandagem e disse para removê-la assim que deixasse o templo. Quando ele fez isso, a tatuagem transferiu-se da pele para o pano.

Pantaros deu dinheiro a Echedoros para doar ao templo em seu nome. No entanto, Echedoros ficou com o dinheiro para si. O homem ganancioso teve uma visão do deus, que amarrou um tecido ao redor de sua cabeça. Quando o removeu, a tatuagem de Pantaros havia sido transferida para sua testa.

A história mostra que os antigos gregos usavam bandagens para remover marcas de tatuagens. O método tem semelhanças com terapias posteriores. A remoção de tatuagens foi escrita no século VI d.C. pelo médico e escritor Aetius.

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O processo de remoção de tatuagens na Grécia Antiga

Primeiro, limpavam a área e a amarravam por 5 dias. Em seguida, perfuravam a tatuagem com uma agulha, limpavam e esfregavam com sal. Depois, aplicavam um dos dois seguintes misturas: lima ou gesso com carbonato de sódio ou pimenta com pó e mel, e amarravam por mais 5 dias. No sexto dia, reaplicavam a mistura na tatuagem.

Segundo Aetius, o processo total de remoção durava 20 dias e a pele não mostrava grandes feridas ou cicatrizes. Devido ao processo doloroso, nem todos estavam dispostos a passar por ele. Assim, alguns deixavam o cabelo crescer para cobrir as tatuagens ou usavam a bandagem o tempo todo.

Konstantinos P.

Grego, morou na Grécia por quase toda a sua vida e em Londres por 3 anos. Trabalhou como Bar Manager, Bartender e Barista em Londres e na Grécia. Além de ter trabalhado nas melhores cozinhas e bares de Londres e da Grécia. Participou de renomados cursos na área e compartilhou o seu conhecimento com seus alunos pela Europa. Por ser apaixonado pelo seu país, encontrou por meio da escrita uma forma de compartilhar com os brasileiros o seu conhecimento sobre viagens, história, cultura, mitologia grega e culinária geral, trazendo o melhor da Grécia para vocês.