Descubra o que os filosofos gregos pensavam sobre o veganismo

Dos pitagóricos aos veganos: uma jornada ética na filosofia grega antiga.

Na última década, aprendemos termos que nunca tínhamos ouvido antes, como Vegan, vegetariano, pesco-vegetariano, lacto/ovo-vegetariano e, claro, flexitariano. Hoje, esses termos são usados para descrever a mudança de grandes parcelas da população mundial para dietas que não incluem carne e outros ingredientes de origem animal. No entanto, na era antiga, os ingleses chamavam os veganos daquela época de “Pitagóricos”. A razão? Porque Pitágoras foi o primeiro a abordar por escrito o vegetarianismo, sendo seguido por outros filósofos gregos, como veremos abaixo.

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A filosofia da abstinência de animais dos filósofos gregos

Esse era o termo que os filósofos gregos usavam para o que hoje chamamos de veganismo. E, apesar de nunca ter sido um estilo de vida predominante para todas as sociedades na Grécia Antiga, não se tratava de algo que surgia por acaso ou por necessidade.

De qualquer forma, na Grécia antiga a alimentação era majoritariamente composta por vegetais, frutas, cereais e peixes, contrastando com uma menor dependência de carne vermelha, principalmente por motivos práticos e econômicos.

Entretanto, desde os primórdios, surgiram pensadores que adotaram a dieta vegetariana por razões éticas, que compartilham notável semelhança com argumentos contemporâneos, deixando de lado as abordagens teológicas. Assim como nos dias atuais, essas ideias encontraram opositores.

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O exemplo da era dourada dos humanos

É relevante enfatizar que a crença predominante sustentava que, na chamada “Era Dourada”, o início da humanidade se deu em um ambiente de total não-violência, residindo em uma utopia onde a Terra generosamente provia seus presentes. Conforme o mito registrado por Hesíodo, Platão e até mesmo o poeta romano Ovídio, nessa utopia inicial não havia necessidade de caça, criação de animais, consumo de carne ou mesmo práticas agrícolas. Tais atividades surgiram mais tarde como males necessários.

Pitágoras

Pitágoras surge como possivelmente o pioneiro a abordar o vegetarianismo, não apenas na Grécia, mas também no contexto ocidental, fundamentando seus motivos na esfera ética. Ainda que haja incertezas quanto à extensão em que sua filosofia proibia o consumo de todos os animais ou apenas de espécies específicas, é incontestável que, após sua morte, seguidores estritos de Pitágoras aderiram rigorosamente à dieta vegetariana.

A essência dessa escolha residia na filosofia pitagórica, que postulava que todos os seres vivos, não apenas os humanos, possuíam uma alma imortal. Isso implicava que uma alma poderia reencarnar em outra forma e vice-versa. Portanto, matar e consumir um animal era visto como uma mancha na alma humana, impedindo a união com uma forma superior de realidade. Simultaneamente, acreditava-se que o consumo de carne tornava as pessoas mais propensas à violência e as impelia em direção à guerra.

Platão

Não, Platão não era vegetariano – pelo menos, que se saiba – nem acreditava que os animais possuíam almas imortais como os humanos. No entanto, em “A República”, Sócrates menciona que a cidade ideal seria vegetariana. A razão para essa visão não era a compaixão pelos animais, mas a convicção de que o consumo de carne era um luxo que, em última análise, levava à decadência e à guerra. Além disso, parece que para Platão, a abstinência de carne simbolizava um compromisso com a paz e um estilo de vida virtuoso.

Aristóteles e Zenão

Aqui está o contra-argumento. Aristóteles concordava com seu mentor, Platão, de que as almas dos animais não tinham grande importância. Na hierarquia que ele criou, onde os homens ocupavam o topo, seguidos pelas mulheres, e dentro da qual os escravos tinham uma posição separada e inferior à dos seres humanos, os animais estavam na base da escala, e o homem não lhes devia o menor respeito, já que eram seres irracionais.

O que isso tem a ver com Zenão, o fundador dos Estoicos? Zenão compartilhava as opiniões de Aristóteles, no entanto, sua… alimentação aparentemente discordava. O filósofo se alimentava exclusivamente de pão, mel e água!

Teofrasto

Discípulo e amigo de Aristóteles, Teofrasto certamente discordou dele muitas vezes sobre a questão da carne. Em sua opinião, matar animais para consumo era um desperdício e uma ação moralmente errada. Ele acreditava, inclusive, que a guerra foi a razão pela qual as pessoas introduziram carne em sua dieta, e que sacrificar animais aos deuses não apenas não conquistava seu favor, mas os enfurecia.

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Plutarco

Ele não era apenas vegetariano, mas também escreveu vários textos sobre o vegetarianismo. Este é o caso de Plutarco, que em “Sobre Comer Carne” utiliza argumentos a favor da abstinência, incluindo o fato de que o sistema digestivo humano não é adequado para lidar com carne. Além disso, invoca como prova de que o consumo de carne é contrário à natureza humana! Ele falo sobre que como espécie não possuímos presas afiadas ou garras afiadas que permitam que outros animais a apreciem.

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Plotino

O fundador da escola filosófica Neoplatônica ensinava que todas as criaturas experimentam dor e prazer, portanto, os humanos deveriam mostrar compaixão por eles. Por essa razão, ele não apenas evitava carne, mas também medicamentos derivados de animais. No entanto, ele permitia que as pessoas usassem lã para vestuário e empregassem animais no trabalho, desde que as tratasse com dignidade.

Afinal, hoje existem muitas pessoas que seguem essa filosofia ou pelo menos que tentaram seguir. No entanto, não estamos aqui para divulgar os veganos ou eles que são contra do veganismo.  Cada pessoa pode escolher o caminho que deseja seguir.

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